terça-feira, 24 de dezembro de 2013

XIV - A Tempertança

Um anjo de rosto feminino derrama  o conteúdo de um vaso num outro. O personagem é visto de frente, com o rosto ligeiramente voltado para a esquerda e para baixo e com o corpo curvado como querendo seguir para a direita. Seguir em direcção ao futuro, mas olhando o presente mais como uma marca do que aprendeu, do que algo que o prende.
O fato do anjo é um "casamento" entre o vermelho e o azul. Ele tem umas asas de cor azul ou de cor de pele, dependendo da edição de cartas. No cabelo tem uma flor com cinco pétalas, ao peito tem um peitoral, os dois símbolos de ter os chakras em atividade.
Dos vasos sai um líquido que flui de um para o outro. A lógica seria admitir que a água flui do que está à direita para a esquerdaa, mas a gravidade indica isso não ser possível sem se perder líquido, Por outro lado a figura é activa, tem uma fluidez de energia que indica que a energia nela pode fluir contra as normas naturais. Por isso se pode dizer que o líquido tanto flui de cima para baixo, como baixo para cima, inclusive ao mesmo tempo. A experiência permitiu-lhe saber como agir com severidade e com misericórdia.
A paisagem na carta é relativamente pouco produtiva, com duas plantas amarelas com várias folhas. O terreno não está plano nem convertido em sementeiras, já as recebeu e ficou com o que o tempo lhe trouxe. Agora aguarda as reações para rebentar, mas as primeiras chuvas já por ele passaram. As sementes não chegaram à superfície, mas começaram a trabalhar para germinar.

Temperança. Tarot do Legado Divino.
No plano mental existe uma conciliação de opostos. Um saber lidar com situações que à primeira vista não se casam. O conhecimento aqui não é mais um conhecimento metafísico, mas um conhecimento alquímico do universo. A carta, mais que uma carta de ações, é uma carta de decisões a tomar e de ligação dos vários aspectos do problema. Não é a sua resolução mas a vista clara do problema. A resolução para ser concluída e o momento em que tal será feito. A carta é muito intelectual na forma de lidar com as pessoas. Existe uma flexibilidade de pensamento, mas ausencia de paixão.
No plano emocional a pessoa em questão relaciona-se com as outras não procurando evoluuir, mas procurando uma alegria de viver, mesmo que essa alegria não seja apaixonada, mas uma tolerância maior pela vida. A carta não exclui que uma pessoa pode ter relacionamentos duradouros mas eles acontecem mais por conveniência das circunstâncias que um preenchimento interior
No plano físico existe um concílio em situações legais ou de negócios entre partes. Os negócios estabelecidos sob esta carta não são os mais vantajosos, mas são confiáveis. Em termos de trabalho podem ser atribuídas novas funções que exigem uma reflexão antes de se assumir uma decisão em aceitar ou recusar. Pela saúde pode existir algum problema que se alimenta a si mesmo.
Se a carta estiver invertida todas as possibilidades de concílio estão fora de cena: desentendimentos, indiferenças, vinganças, planos secundários e interesseiros. Por outro lado pode também existir uma submissão às leis da natureza em vez de as utilizar sabiamente em seu proveito como sugere a Alquimia.

Arte. Tarot de Thoth.
Segundo Crowley a carta é o complemento e cumprimento  da carta VI. Tem o nome de Arte em vez de Temperança.
Sagitário é o signo que a rege. É uma forma simples da deusa Diana ou Artémis, a caçadora. Como deusa grega é símbolo da fertilidade. Depois de um  casamento tem-se a consumação por esta carta.
Artémis era vissta como a deusa de muitos seios e associada à lua. Por isso aparecem meias luas por toda a carta.
A carta apresenta O Imperador e A Imperatriz como um ser ligados como duas almas gémeas num mesmo corpo. O leão vermelho tornou-se prata e a águia de prata tornou-se rubra. A cor dos rostos foi trocada.
A figura veste verde, símbolo da vegetação. Da produtividade que se deu com o casamento. Depois de se terem os metais, conseguiu-se  a destilação do líquido para se passar do metal à matéria vegetal.
No caldeirão são misturados elementos que são tradicionalmente vistos como opostos mas que se casam numa mistura alquímica completa. Ocorre a junção do fogo e da água. Pelo casamento destes dois a água é transformada em vapor e sobe à atmosfera para cair como chuva. Segundo os qabalistas de o elemento do Fogo casa-se com o elemento da Água para produzir o elemento do Ar.
Do caldeirão se eleva um vapor que se converte em arco-íris, que forma a capa da forma andrógina. Mais acima uma seta é formada pelas duas luas que estão sob os dois rostos. O arco-íris cruzado pela seta, o símbolo de Sagitário, o símbolo de Artémis.
A carta repesenta a parte oculta no ovo que existia em Os Amantes, que foi fecundado em O Ermita. O ovo resultado da purificação. A carta anuncia o resultado final que é definido pelo solvente universal identificado como V.I.T.R.I.O.L. que está inscrito por trás da figura.

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