segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

XIII - A Morte

Esta carta em vários baralhos não tem indicado o nome. É conhecida como A Morte e tem o número 13.
Um esqueleto é revestido por uma espécie de pele que lhe fica colada aos ossos. Nas mãos leva um foice.
No chão várias plantas de cor amarela e azul brotam assim como restos humanos aparecem dispersos. Isto significa que a carta não significa o fim completo. O término de tudo. Implica também um renascer de outro modo.
O esqueleto está apresentado de perfil. Em alguns baralhos um dos pés não aparece na carta. O pé que está mais recuado está fora da carta, como se estivesse no passado e a figura tivesse entrado em cena. Um deslargar as coisas que estão para trás. Um renascimento.
A carta como sendo a de número 13 está relacionada com o facto de na Última Ceia terem estado sentadas 13 pessoas antes de uma delas ser presa e posta na cruz. O número 13 apareceu sempre como uma premonição de caatástrofe, mas se repararmos na história de Cristo, após a morte ele volta à vida em maior esplendor. Ele ressuscita.
A carta simboliza isso mesmo. Ainda que possa assustar, ou mesmo iludir com a tradição de ser uma carta de grande mudança, a carta implica sentimentos de perda que custam. Se em O Dependurado havia uma entrega apaixonada, em A Morte temos uma perda do que nos é mais querido para podermos seguir mais fortes. A carta é um teste na vertente última de querermos avançar na roda do Tarot. É uma perda que nos trás lágrimas porque achámos sempre que a podemos manter, mas somos obrigados a largar. A carta, de modo algum, deixa de ser uma carta dura de se tomar, mas o que dela provém é benéfico. O consulente terá de confiar em si mesmo para poder seguir caminho.

A Morte. Tarot Salvador Dali.
No plano mental indica que ocorre uma mudança total ou parcial que indica que tudo irá mudar. Uma nova forma de analisar e de tratar as coisas é importante para que as mesmas possam crescer. Uma maior profundidade intelectual acontece. Um pensar metafísico nas coisas que não são visíveis ou para além das visíveis. O modo de estar pode ser de resignar-se a um estoicismo para acartar com os imprevistos e vê-los como uma forma de mostrar a sua força própria.
Em termos emocionais ocorre uma dispersão, um afastamento das coisas, uma tristeza semelhante a um luto. Tudo o que se gosta é afastado. No caso presente a caixa de Pandora não é fechada no último momento. Ocorre uma destruição do sentimento  de esperança e tudo nos parece negro. Tudo nos parece perdido. Mas é apenas ilusão.
Quanto ao plano físico existem indicações para grandes alterações. Factores externos à própria pessoa podem levar a perdas consideráveis de dinheiro ou de acesso a ele. Em termos de negócios pode existir uma reestruturação dos  quadros da empresa, o que pode colocar o trabalho actual em causa, mas pode também indicar que mais tarde haja uma subida (tudo depende do que antes se semeou). A Morte é um ceifeiro e em várias cartas o terreno está pronto para acolher a nova sementeira. Pelos campos de saúde pode existir um agravamento de qualquer situação que esteja a passar, ou apenas uma chamada de atenção para a saúde em geral que pode estar descuidada e deve ser mais acompanhada.
Quando a carta está invertida indica que a questão de saúde pode ser tratada mas com grrande risco de uma lesão em algum outro lado. A carta desta maneira é sinal de más notícias a vários níveis. Situações desfavoráveis que não são provocadas pelo consulente. No sentido negativo a carta é sinal de baixo ânimo, perda de coragem, sinal que o caminho travado antes era errado e há que reconhecer o erro e seguir de um modo totalmente oposto.

A Morte. Tarot Crowley.
O Tarot de Thoth associa a carta Morte com a letra Nun que significa peixe, a vida debaixo das águas. Associa-se ao signo Escorpião que é regido por Marte. Marte é o planeta com energia ígnea na sua forma mais baixa, sendo para isso necessário produzir um impulso para a levar adiante. Este signo é dos mais poderosos no zodíaco mas não tem a simplicidade e intensidade de Leão.
A carta é também dominada pela serpente que transforma todas as coisas. A serpente que nos leva ao conhecimento do Bem e do Mal e conduz à expulsão do Eden e nos trás a responsabilidade pelos nossos actos.
Um dos aspectos mais relevantes da carta é dominado pela águia que é a exaltação acima da matéria. Mas a carta não deixa de ser símbolo da dança da morte, por isso um esqueleto com uma foice. A foice é símbolo de Saturno que não tem relação com Escorpião. Saturno representa a estrutura essencial das coisas existentes. É a natureza das coisas que não são destruídas pelo processo de putrefacção que a carta representa. Na cabeça o esqueleto tem a coroa de Osiris. A figura é também o deus criativo original, masculino. Ele cria novas bolhas, novos planetas na sua dança. Estas criações também dançam elas mesmas. Dançam a sua dança da vida e da morte.
Nesta carta o peixe e a serpente são os símbolos soberanos. Os animais que ensinam as doutrinas da ressurreição e da redenção.

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