quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

X - A Roda da Fortuna

Chegamos agora a um arcano que é, na minha opinião, um dos mais mal interpretados. A Roda da Fortuna. Talvez mais mal interpretado que o Arcano XIII (A Morte).
Um aparelho está a flutuar num mar calmo. É uma roda com seis raios suspensa num apetrecho de madeira onde se empoleiram três animais estranhos.
O pé de madeira da esquerda que está sobre o mar não toca no aro. Torna a roda mais instável, como instável é a Fortuna, a Sorte.
Os varais da roda não são equidistantes, mas dois deles estão a formar ângulos rectos dando uma aparência de cruz de Santo André ou do número romano X que define esta carta.
O animal que sobe a roda à direita tem uma forma intermédia entre o cão e a lebre. Simboliza o reino que se está a conquistar. O animal que está no cimo é uma esfinge coroado com uma espada que simboliza o reino que se tem na mão. A cair da roda está uma espécie de macaco que é o reino que se perdeu.
Esta carta é o desafio em relação ao ambiente e coisas que não se controla, os ciclos de sorte e azar que a roda vai dando cada vez que é posta a trabalhar. Qualquer um dos três animais pode aparecer a determinar a fase de vida. Lembra a mobilidade das coisas e as influências da Lua e de Mercúrio.

Roda da Fortuna. Tarot Asteca.
No plano mental, a carta é sinal de dinamismo que não víamos em O Ermita. A carta está sempre a girar e a criar actividade, a criar criatividade, iniciativa, espírito dinâmico. A carta indica um período de boa sorte e que o espírito é capaz de agarrar essas oportunidades. A nível mais pessoal, uma grande espontaneidade e brio. É preciso no entanto que a presença de espírito se lembre que é passageira a fase.
A nível emocional a carta é forte. A carta indica que, como se está numa fase positiva, os sentimentos estão em alta. Existe um juízo sadio; mais sadio e equilibrado que em A Justiça, pois aqui está tirado com o peso do coração, com a paixão e devoção sinceras. Também é uma decisão mais concreta que no caso de Os Amantes porque é tomada com alegria e não sob pressão.
Em termos físicos as coisas não são estáveis porque precisam de evolução. Não podem permanecer estáveis. Estas mudanças tendem a ser melhores, no sentido do desenvolvimento. A dúvida metódica é a melhor estratégia de negócios. De todo o modo não pode haver a ilusão de ser o melhor para todos e a todos os níveis, tudo é instável ainda, passa por uma limpeza, por uma mudança. Em que ponto da roda é que estás? Em que animal? A nível de saúde existe uma força grande na circulação. No caso de estar virada ao contrário deve-se vigiar a possibilidade de um problema vascular ou cardíaco.
Quando a carta está ao contrário, a instabilidade e mudanças são desfavoráveis e que desgastam demasiado o consulente. A carta alerta que se devem mudar as bases em que a pessoa tem seguido no seu caminho em relação ao problema. A carta pode indicar uma fase de azar, insegurança e de falta de seriedade.

Fortuna. Tarot de Crowley
A carta com o número X é chamada de Fortuna no Tarot de Thoth. Associa Crowley a carta a Júpiter, o grande benfeitor da astrologia. A letra é Kaph (palma da mão) que é também ligado às artes divinatórias. A carta não é associada à Boa Fortuna, mas a toda a Sorte.
A carta representa o universo em contínua mudança. Acima aparecem estrelas distorcidas mas num equilíbrio. Delas brotam raios que agitam o firmamento em penachos azuis e violetas.
Ao centro uma roda com dez raios de cor amarela. É uma carta que rege o governo dos assuntos físicos segundo o sephiroth Malkuth. Sob a roda está a esfinge com a espada, Hermanúbis e Tífon. Representam as três formas de energia que produzem os fenómenos. A primeira forma é das trevas, ignorância, inércia, morte, etc. A segunda é excitação, fogo, brilho, etc. A terceira é inteligência, calma, lucidez, equilíbrio.
A esfinge representa também os 4 Kerubs que falei no Arcano V, correspondendo às quatro virtudes primordiais: saber, querer, ousar e calar. Representa o enxofre e à segunda força.
O Hermanúbis é um deus composto que é dominado pelo símio. Representa o mercúrio e a terceira força.
Tífon representa a primeira força. É um deus primordial que é associado à destruição e violência dos vulcões. Mas os mesmos raios que destroem, também constroem.

Sem comentários:

Enviar um comentário