sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

XVII - A Estrela

Entramos na última parte da viagem do Tarot. A série de cartas que temos agora são as correspondentes ao renascimento.
Uma mulher com o joelho esquerdo apoiado no chão e o direito erguido. Ela está despida e tem na mão dois vasos que são vertidos para um curso de água que tem diante de si. Estas são os mesmos vasos que existiam em A Temperança onde a energia fluia de um para o outro. Onde a personagem sabia usar a energia em seu proveito. Agora, os vasos são vertidos para o curso de água. A energia flui de nós para o universo, para os outros e não usando a energia dos outros.
Ela largou todas as amarras que tinha com o mundo e expande-se para ele, em vez de se expandir segundo ele. A Torre libertou-a, A Estrela expande. Por este motivo ela aparece despida e de cabelo solto.
O joelho flectido está apoiado no solo amarelo e produtor de frutos. Aparecem no horizonte duas árvores bem desenvolvidas. Aparece também uma erva com três folhas: a terra pode produzir ainda mais, a ambição leva a personagem a buscar mais. O fim do ciclo de Tarot está perto mas pode voltar a começar.
Por cima do arbusto da esquerda tem um pássaro no seu topo que está em pose de levantar voo. É um pássaro de cor negra. Um corvo que é enviado e começa a fazer a sua vida depois de ser liberto da nau de Noé. Ele não volta atrás, segue a sua vida.
No céu estão duas estrelas de sete pontas e cinco estrelas de oito pontas. Estas estão a rodear uma outra de 16 pontas amarelas e vermelhas que está no meio. A expansão pessoal permite cada um tornar-se essa estrela maior, esse exemplo para as outras estrelas o seguirem.

A Estrela. Tarot de Leigh L. McCloskey
No campo mental a carta indica um princípio de maturidade plena. Existe uma harmonia e confiança no destino que foi traçado. a carta é sinal de uma forte inspiração que terá de ser aproveitada, mesmo que surja de forma transbordante e não se consiga reter toda a energia que dela flui. A Estrela expande-se e permite ajudar várias pessoas seja com o exemplo, seja dando um pouco de consolo e energia aos outros. Existe um sentimento de plenitude e de confiança na intuição que lhe permite fazer vários trabalhos magicos de elevada categoria.
No campo emocional existe um espírito de solidariedade genuína, um espírito equilibrado e de entrega aos outros que não se trata de uma entrega cega como anteriormente, mas uma entrega que muitas vezes não é direta mas dá uma ajuda verdadeira para as outras pessoas poderem chegar ao estado de plenitude que o acompanha. A própria entrega emocional a uma pessoa amada não é mais uma entrega de paixão, mas de amor verdadeiro já que o ego foi doomado em O Diabo e se destruiram todas as barreiras sociais.
Em termos do físico ocorre uma concretização de projectos não de forma súbita, mas harmónica tal como foi projectado. Caso haja necessidade de captar pessoas que financiem algum projecto, a carta reforça todas as qualidades sedutoras, assim como em termos  de projectos artísticos exibe todo o esplendor. Na saúde existe um equilíbio fácil e não há preocupações de maior a ter em conta.
Quando a carta se encontra virada indica que pode existir um equilíbrio na sua vida, mas o mesmo é momentâneo ou mesmo apenas aparente. Pode existir um retraimento ou mesmo vergonha em exibir as qualidades que adquiriu com a sua expeeriência. Uma falta de espontaneidade, uma vida artificial e que não espelha aquilo que verdadeiramente é, mas o que quer que vejam em si. Pode ser um aviso de doenças várias a manifestar-se. Em termos de relacionamentos podem ser vistos exageros amorosos.

A Estrela. Tarot de Thoth.
Para Crowley esta carta é associada à letra Hé. A carta é rergida pelo signo Aquário.
Na figura aparece a deusa Nuit que é a Senhora das Estrelas. Aparece com duas taças. Uma das taças é erguida acima da cabeça, feita de ouro da qual verte água. Água que é leite, que é azeite, que é sangue. Ela verte o líquido sobre a cabeça indicando uma eterna renovação das ideias, uma nova possibilidade das coisas.
A mão esquerda tem uma taça de prata que verte o líquido imortal da sua vida. O líquido é o sangue do Graal, a ambrósia dos deuses, a medicina universal dos alquimistas,... Ela é a própria mãe deste líquido. O líquido é derramado na junção da terra com a água.
Atrás da figura está um planeta, o planeta que é Vénus que tem a estrela de sete pontas símbolo do amor como elemento essencial para todas as leis universais.
O oceâno da carta é o mar de Binah. O grande mar que está sobre a terra fértil que é representado pelas rosas do lado direito da carta. O Mar da Grande Mãe que tudo gera.
E entre o mar e a terra é derramado o líquido, mas entre o mar e a terra existe o abismo.
Acima de tudo isto brilha a grande estrela dourada que é outra materialização de Nuit. Desta estrela saem raios espiralados indicadores de que a energia desta estrela se tornou espiritual.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

XVI - A Torre

Esta carta é também chamada de Casa de Deus em algumas edições.
Uma torre está localizada num terreno montanhoso, tem três janelas azuis. Uma das janelas está localizada  num andar superior às outras e é maior. Não se vê a entrada  em algumas edições da carta.
Um raio multicolorido provém de um sol e arremete-se contra a torre retirando o seu topo que se assemelha a uma coroa. O topo apresenta quatro ameias. A torre deixa de ter a sua realeza. Perde o que lhe é passado. O caminho é voltado para o presente, mas há que largar os antigos problemas, a coroa dos primeiros arcanos.
Junto ao chão existem duas figuras humanas em postura de queda. O homem que se encontra à frente cai para baixo na direção da esquerda, o que está atrás, na direção da esquerda. Em algumas edições existem pedras a cair na direção destes homens colocando a sua vida em risco. A carta simboliza este mesmo risco que a pessoa toma para continuar o caminho. Não é mais guiada pela motivação inicial que era fogosa no início, o iniciado já foi processado alquimicamente por vários processos de purificação e está mais próximo o seu poder maior.
No céu existem várias bolas de cor azul, vermelha e verde. Um cenário caótico até mesmo no firmamento. A terra, o fogo e a água misturam-se de modo diverso no elemento do ar.
O terreno amarelo tem seis plantas verdes bem desenvolvidas.
Na frente da carta aparecem duas manchas que o seu significado não está esclarecido, podendo ser pedras.

A Torre. Tarot Belga.
Em termos mentais a carta é um aviso do que pode vir em continuar com as ideias fixas que se tem vivido até então. A carta obriga a um rompimento, a um rompimento com forças que aprisionam a maneira de pensar até então. Tem de se evoluir, de progredir, de desenvolver as capacidades para que os ensinamentos da carta anterior possam ser exibidos no seu pleno poder. Depois da destruição do ego, há que libertar-se do efeitos dos outros, do ambiente que nos rodeia.
No campo afectivo existe uma situação delicada. Se por um lado existe um domínio sobre os outros, por outro esse domínio é déspota, é um domínio sem emoções e vazio. O perigo de uma rejeição afetiva é grande. A pessoa em causa continua um caminho cada vez mais solitário e chega mesmo ao ponto de se tornar anti-social, ainda que, se quisesse, pudesse ter toda a admiração.
Para o campo físico existe uma desconfiança em termos de projectos em mãos que podem mesmo ditar o seu fim. O campo físico é relegado para segundo plano pois a carta consome imendo a pessoa em causa. Os projectos são abortados seja por culpa própria seja por ver pessoas que falharam nos seus e não haver coragem em tentar a sorte própria. Pela saúde existe uma possibilidade de doença que espreita a todo o momento causadora de grandes maleitas, assim como em caso de doença, uma vez que a carta simboliza também a libertação, pode-se dar o caso de uma recuperação depois de um período prolongado de luta.
Se a carta estiver virada dá-se uma confusão completa. Uma catástrofe causada por ações imprudentes, escândalo e hipocrisias postos a descoberto. Abusos. Presunção e orgulho.

A Torre. Tarot de Crowley.
Diz Crowley sobre esta carta poder-se também chamar de A Guerra. É atribuída à letra Pe que significa boca. Está também associada ao planeta Marte, que corresponde à manifestação da energia cósmica na sua forma mais grosseira.
A figura mostra a destruição causada pelo fogo que é o elemento da carta. A destruição do velho Aeon para que possa vir o novo com o arcano XX. No fundo da carta vê-se esta consumação pelo fogo, assimm como engenhos de guerra.
No canto direito vê-se as mandíbulas de Dis vomitando chamas na base da torre.
Figuras quebradiças caem da estrutura; note-se que perderam a forma humana e se tornaram formas geométricas, como voltando a uma estrutura conceptual. O corpo humano perde o seu sentido.
O olho de Hórus ou de Shiva aparece na carta como o elemento destruidor do universo. É necessára a destruição para que tudo se possa soltar.
Vê-se também uma pomba levando um ramo de oliveira. A pomba enviada por Noé e que trás a esperança de terra para se refazer o mundo. Aparece também a serpente como serpente-leão. Estes dois animais simbolizam o desejo simultâneo de viver e de morrer.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

XV - O Diabo

Esta carta é curioso ter caído no dia de Natal, mas se tivermos em conta a história deste dia, é uma coincidência espantosa...
Falemos da carta O Diabo.
Três figuras estão dispostas de pé. Uma delas está em cima de um pedestral, como representando uma divindade. Um ser exaltado, uma sedução que é o nosso ego que foi eliminado e revolta-se vontando em todo o seu poder.
Este ser é hermafrodita, com asas nas costas e com chifres na cabeça.
As figuras em baixo são uma delas masculina e a outra feminina. As duas estão presas por uma corda ao pedestral, mas nalgumas versões estão presos por uma corda que vai ter à mão da figura central.
A figura central apenas veste um cinto vermelho, uma touca amarela e uma gola de cor verde. Toda a roupa, tudo o que era material se foi, mas o outro eu não se dá por vencido. O corpo ainda é usado como teste.
As figuras em baixo estão também despidas e têm chifres na cabeça.
Na mão esquerda, de aspecto não humano, a figura do centro tem um bastão com uma chama. É sinal de uma consumação agressiva ao ego. A outra está aberta mas não revela a sua palma, esconde algo atrás.
O corpo do que está no centro apresenta no ventre uma segunda cara que exibe uma expressão de gozo. Os próprios diabretes escondem as mãos atrás das costas. A carta mostra o que ainda se esconde e que dificulta o novo nascimento. As forças que ainda conseguem mover o nosso corpo e o impedir de nascer complentamente novo.
O chão onde se apoia o pedestral e os pés dos diabretes é negro, símbolo que tudo foi afectado por uma combustão, mas ao fundo tem-se um terreno arado.
A carta tem uma disposição semelhante a O Papa, o que não deixa de ser curiosa a semelhança. As duas têm três figuras em que uma delas é dominante sobre as outras, mas aqui não está mais num trono mas é mais celestial.

O Diabo. Brotherhood Tarot.
No plano intelecual existe uma grande actividade de forma egoísta e sem complexos pelas leis ou normas. O que preocupa a pessoa em questão é a sua própria pessoa. Como O Louco seguiu um caminho completamente solitário, atinge-se o ponto que ele deixa de ser alguém sociável. Torna-se egocêntrico, deixa-se levar pelas suas próprias paixões. O próprio julgamento é tomado pela capacidade que ele julga ter sob a sua pessoa e sobre a natureza. A exaltação do ego atinge a sua maior potência. Como sabe mover as leis da natureza ao seu propósito, ele consegue subjugar os outros aos seus caprichos.
Em termos emotivos a carta mostra avidez. Mostra uma insatisfação, um querer mais e mais que se pode tornar facilmente monstruoso, mas pode também ser domado para ser benéfico a querer-se cada vez melhor. A avidez pode levar a uma busca em várias direções para poder seguir por alguma, a energia está em alta por se ter adquirido muita com a aprendizadem de A Temperança, assim como os conhecimentos que se adquire nesta acerca do mundo de magia. Não existe um olhar pelo próximo, mas uma satisfação pessoal.
No campo físico existe grande radiação em termos de dinheiros. Tudo se consegue, mas a que preço? Existe uma realização de projetos de forma concreta, mas não passa deste patamar. De todo o modo o sucesso não é conseguido pelas vias de mérito e honra que são habituais, mas por outros caminhos. Ganhos conseguidos por vias censuráveis que permanecem impunes. O sistema nervoso é atinguido pela grande actividade e instabilidade. Disturbios de ordem hereditária ou reprodutiva pode acontecer.
Quando virada a carta indica uma desordem, caos. Uma reviravolta no seguimento dos planos. Do ponto de vista da saúde ocorre uma reversão em termos de cura. Pode ocorrer uma situação de ofuscamento pelo que sentem os sentidos.

O Diabo. Tarot de Thoth.
Crowley indica que a carta está associada à letra Ayin e ao signo Capricórnio. Esta carta está no caminho de oposição à carta XIII que conduzem os dois a Tiphareth. É uma carta em que o extase é desenvolvido.
O bode de Capricórnio é exaltado na carta. Salta em extase pelos cumes da terra. É regido por Saturno e tende para o egoísmo e para a perpetuidade. Neste signo Marte é exaltado como na carta XIII, mas na sua forma mais poderosa.
É de notar que o tronco da Árvore da Vida rompe os céus e em torno dele o anél do corpo de Nuit, a deusa da noite.
A carta se deleita no estéril e áspero que é mostrado no cenário da carta. Nela se descobre o prazer do prazer. Uma lição que foi também tomada por todos os santos.
A carta é uma exaltação da fertilidade masculina e da multiplicação da humanidade. Existe o gérmen do restante, mas há que tratar de desbravar esse caminho a seguir.
A carta ensina a apreciar tudo o que se aprendeu. Mais que adquirir o conhecimento, ensina o gozo pela obra que se fez. Este facto é ainda muito mal visto pela tradição. O próprio Crowley era visto como o homem mais preverso numa sociedade vitoriana em que os velhos valores eram defendidos de forma aguerrida. Crowley admitia que se devia admirar, ter prazer com a Grande Obra. O resultado tinha de ter significado, não podia ter uma predestinação, mas um sentido contemplativo.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

XIV - A Tempertança

Um anjo de rosto feminino derrama  o conteúdo de um vaso num outro. O personagem é visto de frente, com o rosto ligeiramente voltado para a esquerda e para baixo e com o corpo curvado como querendo seguir para a direita. Seguir em direcção ao futuro, mas olhando o presente mais como uma marca do que aprendeu, do que algo que o prende.
O fato do anjo é um "casamento" entre o vermelho e o azul. Ele tem umas asas de cor azul ou de cor de pele, dependendo da edição de cartas. No cabelo tem uma flor com cinco pétalas, ao peito tem um peitoral, os dois símbolos de ter os chakras em atividade.
Dos vasos sai um líquido que flui de um para o outro. A lógica seria admitir que a água flui do que está à direita para a esquerdaa, mas a gravidade indica isso não ser possível sem se perder líquido, Por outro lado a figura é activa, tem uma fluidez de energia que indica que a energia nela pode fluir contra as normas naturais. Por isso se pode dizer que o líquido tanto flui de cima para baixo, como baixo para cima, inclusive ao mesmo tempo. A experiência permitiu-lhe saber como agir com severidade e com misericórdia.
A paisagem na carta é relativamente pouco produtiva, com duas plantas amarelas com várias folhas. O terreno não está plano nem convertido em sementeiras, já as recebeu e ficou com o que o tempo lhe trouxe. Agora aguarda as reações para rebentar, mas as primeiras chuvas já por ele passaram. As sementes não chegaram à superfície, mas começaram a trabalhar para germinar.

Temperança. Tarot do Legado Divino.
No plano mental existe uma conciliação de opostos. Um saber lidar com situações que à primeira vista não se casam. O conhecimento aqui não é mais um conhecimento metafísico, mas um conhecimento alquímico do universo. A carta, mais que uma carta de ações, é uma carta de decisões a tomar e de ligação dos vários aspectos do problema. Não é a sua resolução mas a vista clara do problema. A resolução para ser concluída e o momento em que tal será feito. A carta é muito intelectual na forma de lidar com as pessoas. Existe uma flexibilidade de pensamento, mas ausencia de paixão.
No plano emocional a pessoa em questão relaciona-se com as outras não procurando evoluuir, mas procurando uma alegria de viver, mesmo que essa alegria não seja apaixonada, mas uma tolerância maior pela vida. A carta não exclui que uma pessoa pode ter relacionamentos duradouros mas eles acontecem mais por conveniência das circunstâncias que um preenchimento interior
No plano físico existe um concílio em situações legais ou de negócios entre partes. Os negócios estabelecidos sob esta carta não são os mais vantajosos, mas são confiáveis. Em termos de trabalho podem ser atribuídas novas funções que exigem uma reflexão antes de se assumir uma decisão em aceitar ou recusar. Pela saúde pode existir algum problema que se alimenta a si mesmo.
Se a carta estiver invertida todas as possibilidades de concílio estão fora de cena: desentendimentos, indiferenças, vinganças, planos secundários e interesseiros. Por outro lado pode também existir uma submissão às leis da natureza em vez de as utilizar sabiamente em seu proveito como sugere a Alquimia.

Arte. Tarot de Thoth.
Segundo Crowley a carta é o complemento e cumprimento  da carta VI. Tem o nome de Arte em vez de Temperança.
Sagitário é o signo que a rege. É uma forma simples da deusa Diana ou Artémis, a caçadora. Como deusa grega é símbolo da fertilidade. Depois de um  casamento tem-se a consumação por esta carta.
Artémis era vissta como a deusa de muitos seios e associada à lua. Por isso aparecem meias luas por toda a carta.
A carta apresenta O Imperador e A Imperatriz como um ser ligados como duas almas gémeas num mesmo corpo. O leão vermelho tornou-se prata e a águia de prata tornou-se rubra. A cor dos rostos foi trocada.
A figura veste verde, símbolo da vegetação. Da produtividade que se deu com o casamento. Depois de se terem os metais, conseguiu-se  a destilação do líquido para se passar do metal à matéria vegetal.
No caldeirão são misturados elementos que são tradicionalmente vistos como opostos mas que se casam numa mistura alquímica completa. Ocorre a junção do fogo e da água. Pelo casamento destes dois a água é transformada em vapor e sobe à atmosfera para cair como chuva. Segundo os qabalistas de o elemento do Fogo casa-se com o elemento da Água para produzir o elemento do Ar.
Do caldeirão se eleva um vapor que se converte em arco-íris, que forma a capa da forma andrógina. Mais acima uma seta é formada pelas duas luas que estão sob os dois rostos. O arco-íris cruzado pela seta, o símbolo de Sagitário, o símbolo de Artémis.
A carta repesenta a parte oculta no ovo que existia em Os Amantes, que foi fecundado em O Ermita. O ovo resultado da purificação. A carta anuncia o resultado final que é definido pelo solvente universal identificado como V.I.T.R.I.O.L. que está inscrito por trás da figura.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

XIII - A Morte

Esta carta em vários baralhos não tem indicado o nome. É conhecida como A Morte e tem o número 13.
Um esqueleto é revestido por uma espécie de pele que lhe fica colada aos ossos. Nas mãos leva um foice.
No chão várias plantas de cor amarela e azul brotam assim como restos humanos aparecem dispersos. Isto significa que a carta não significa o fim completo. O término de tudo. Implica também um renascer de outro modo.
O esqueleto está apresentado de perfil. Em alguns baralhos um dos pés não aparece na carta. O pé que está mais recuado está fora da carta, como se estivesse no passado e a figura tivesse entrado em cena. Um deslargar as coisas que estão para trás. Um renascimento.
A carta como sendo a de número 13 está relacionada com o facto de na Última Ceia terem estado sentadas 13 pessoas antes de uma delas ser presa e posta na cruz. O número 13 apareceu sempre como uma premonição de caatástrofe, mas se repararmos na história de Cristo, após a morte ele volta à vida em maior esplendor. Ele ressuscita.
A carta simboliza isso mesmo. Ainda que possa assustar, ou mesmo iludir com a tradição de ser uma carta de grande mudança, a carta implica sentimentos de perda que custam. Se em O Dependurado havia uma entrega apaixonada, em A Morte temos uma perda do que nos é mais querido para podermos seguir mais fortes. A carta é um teste na vertente última de querermos avançar na roda do Tarot. É uma perda que nos trás lágrimas porque achámos sempre que a podemos manter, mas somos obrigados a largar. A carta, de modo algum, deixa de ser uma carta dura de se tomar, mas o que dela provém é benéfico. O consulente terá de confiar em si mesmo para poder seguir caminho.

A Morte. Tarot Salvador Dali.
No plano mental indica que ocorre uma mudança total ou parcial que indica que tudo irá mudar. Uma nova forma de analisar e de tratar as coisas é importante para que as mesmas possam crescer. Uma maior profundidade intelectual acontece. Um pensar metafísico nas coisas que não são visíveis ou para além das visíveis. O modo de estar pode ser de resignar-se a um estoicismo para acartar com os imprevistos e vê-los como uma forma de mostrar a sua força própria.
Em termos emocionais ocorre uma dispersão, um afastamento das coisas, uma tristeza semelhante a um luto. Tudo o que se gosta é afastado. No caso presente a caixa de Pandora não é fechada no último momento. Ocorre uma destruição do sentimento  de esperança e tudo nos parece negro. Tudo nos parece perdido. Mas é apenas ilusão.
Quanto ao plano físico existem indicações para grandes alterações. Factores externos à própria pessoa podem levar a perdas consideráveis de dinheiro ou de acesso a ele. Em termos de negócios pode existir uma reestruturação dos  quadros da empresa, o que pode colocar o trabalho actual em causa, mas pode também indicar que mais tarde haja uma subida (tudo depende do que antes se semeou). A Morte é um ceifeiro e em várias cartas o terreno está pronto para acolher a nova sementeira. Pelos campos de saúde pode existir um agravamento de qualquer situação que esteja a passar, ou apenas uma chamada de atenção para a saúde em geral que pode estar descuidada e deve ser mais acompanhada.
Quando a carta está invertida indica que a questão de saúde pode ser tratada mas com grrande risco de uma lesão em algum outro lado. A carta desta maneira é sinal de más notícias a vários níveis. Situações desfavoráveis que não são provocadas pelo consulente. No sentido negativo a carta é sinal de baixo ânimo, perda de coragem, sinal que o caminho travado antes era errado e há que reconhecer o erro e seguir de um modo totalmente oposto.

A Morte. Tarot Crowley.
O Tarot de Thoth associa a carta Morte com a letra Nun que significa peixe, a vida debaixo das águas. Associa-se ao signo Escorpião que é regido por Marte. Marte é o planeta com energia ígnea na sua forma mais baixa, sendo para isso necessário produzir um impulso para a levar adiante. Este signo é dos mais poderosos no zodíaco mas não tem a simplicidade e intensidade de Leão.
A carta é também dominada pela serpente que transforma todas as coisas. A serpente que nos leva ao conhecimento do Bem e do Mal e conduz à expulsão do Eden e nos trás a responsabilidade pelos nossos actos.
Um dos aspectos mais relevantes da carta é dominado pela águia que é a exaltação acima da matéria. Mas a carta não deixa de ser símbolo da dança da morte, por isso um esqueleto com uma foice. A foice é símbolo de Saturno que não tem relação com Escorpião. Saturno representa a estrutura essencial das coisas existentes. É a natureza das coisas que não são destruídas pelo processo de putrefacção que a carta representa. Na cabeça o esqueleto tem a coroa de Osiris. A figura é também o deus criativo original, masculino. Ele cria novas bolhas, novos planetas na sua dança. Estas criações também dançam elas mesmas. Dançam a sua dança da vida e da morte.
Nesta carta o peixe e a serpente são os símbolos soberanos. Os animais que ensinam as doutrinas da ressurreição e da redenção.

domingo, 22 de dezembro de 2013

XII - O Dependurado



Esta carta pode também ser chamada de O Pendurado ou O Enforcado e raramente se gosta dos significados da carta. Percebamos poquê.
Um homem está suspenso numa trave de madeira que se apoia em duas árvores podadas. O tronco é amarelo e mantém os seis terminais dos ramos podados mais os dois que suportam a trave.
Na base das árvores existe um terreno verde e nele se produz as ervas de quatro folhas, um símbolo de produtividade.
O personagem está vestido com uma jaqueta que termina num saiote e que tem nove ou dez botões, dependendo da edição. Estes botões assemelham-se a moedas e algumas representações de O Dependurado mostram moedas a cair. É o largar-se o material, a crucificação de Pedro por causa daquilo que acredita. É o heroísmo dos mártires.
As mãos da figura não estão visíveis, não deixando antever o que possam elas estar a fazer. Pode a personagem estar com as mãos atadas ou estar a fazer algum tipo de arte oculta.
As pernas são também curiosas de se observar. À semelhança de O Imperador, as pernas estão cruzadas, tomando a figura o símbolo alquimico do mercúrio. Esta postura é simbolo de que o requerente está a passar por uma prova iniciática e dela terá de sair com as suas crenças fortalecidas. Se em O Papa tínhamos uma figura que estava ciente das suas crenças, aqui a personagem entra na sua negra noite para colocar em causa tudo o que acredita e sair mais forte espiritualmente.
Em várias edições existe um aspecto muito controverso e enigmático nesta carta: a expressão facial. Se por um lado em várias edições a cara é quase neutra, noutras O Dependurado está a sorrir, o que significa que o sacrifício que está a fazer é uma auto-abnegação voluntária.

O Dependurado. Tarot de Metamorfoses.
A nível mental indica processos em amadurecimento. Uma entrega desinteressada. Nesta etapa a pessoa aprende a sair de si e aniquilar um pouco o seu ego de modo a poder dar-se a uma causa ou a um maior amadurecimento. É uma carta de aprendizagem através da tentativa-erro. Uma sementa da sabedoria que virá mais tarde. O estado de espírito da figura na lâmina é de um grande estado de espírito, a entrega a uma revolução interior que pode muito bem levar a várias perdas a nível físico. Nunca é uma carta de conclusão.
Em termos emocionais, a entrega que se dá é tanta que pode existir uma cegueira causada pelas emoções. As próprias emoções não são bem claras e pode-se dar o caso de indecisões. Não existe frieza mas também não existe profundidade. A pessoa em causa pode estar a passar por um processo de se descobrir emocionalmente mais profunda que antes se imaginava.
Em termos físicos a carta indica um completo abandono. Perdas monetárias ou mesmo de bens. Projectos de carácter duvidoso. A própria resolução de problemas pode muito bem ser atrasada por diversos aspectos. A pessoa em causa deve pedir uma ajuda séria para a sua vida. Em termos de saúde existe uma tendência para problemas circulatórios e de depressão.
Quando a carta se encontra virada, o sentido altera-se de certo modo. Existe um exito possível mas pouco prazeroso e incompleto. Existe uma série de decisões que são tomadas mas não são concretizadas. Promessas não cumpridas, amores não correspondidos.

O Dependurado. Tarot de Thoth.
Crowley atribui a carta à letra Mem que significa água.  A carta mais que uma carta de perdas é uma carta de baptismo.
O corpo em forma de cruz com os braços a formar um triângulo é símbolo da descida da luz às trevas para a redimir.
Os círculos verdes são símbolos de Vénus e da graça.
A figura é apenas emersa pelo seu pé. A água é de tonamidade verde e é encimada por raios provenientes da luz de Kether. O ankh sustenta toda a figura como símbolo de salvação e a serpente indica estar a passar-se uma transformação que será materializada na carta que se segue.
Crowley indica que a carta não significa sacrifício, mas sim uma imersão na redenção em que tudo é virado ao contrário. É a carta do deus que morre. A carta indica que as  coisas estão erradas e é preciso as virar. Por isso é uma carta de aviso e de salvação. "A principal meta dos sábios deveria ser livrar a espécie humana da insolência do auto-sacrifício e da calamidade da castidade; a fé tem de ser morta pela certeza e a castidade pelo extase."
No fundo da carta está uma outra serpente que se agita na escuridão do Abismo. A serpente que se agira mas que não sai  ainda da toca. O monstro marinho que ainda não destruiu tudo mas perturba para que a pessoa possa renover-se. É o monstro que dorme com um olho aberto.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

XI - A Força

Uma mulher de pé com as mãos abre as mandíbulas de um leão. Está de lado  a três quartos e olha para a direita. O leão está de perfil ao lado dela.
A mão direita da mulher está pousada no focinho do leão enquanto que a direita está a segurar a mandíbula inferior.
Ela veste de azul com um manto de cor vermelha.
Na cabeça ela tem o mesmo chapéu de O Mago, que é em forma de ansata, símbolo do infinito, do para além do numerável.
Ao fundo do corpo aparece o pé da figuura feminina normalmente calçando uma sandália.
Em termos de cenário a carta é um pouco despida, aparece com uma cor branca, sem terra ou outro elemento semelhante.
A força demonstrada não é uma força brutal, a mulher gentilmente abre a boca ao animal, símbolo que existe um domínio, uma harmonia  entre as forças vitais, entre o instinto animal e a mente racional do ser humano.
A mulher não força o animal mas detém o seu poder, usa-o para demonstração das suas capacidades. O leão é o impulso do instinto em nós, a nossa capacidade de sobrevivência sem olhar para o racional ou para o emocional que é amansado pela mulher que o domina. O desafio que aqui aparece é a capacidade de cada um de nós tem em não deixar que os factores externos influenciem demasiado a nossa vida, mas antes seja conseguido um controlo da situação.

A Força. Tarot Romantico Vitoriano.
Em termos mentais, a carta inspira confiança, coragem, grande agudeza para distinguir o verdadeiro e o falso, o útil e inútil. Excelente fase para a pessoa se avaliar e perceber como é para se dominar e ter controlo sobre os seus instintos. A carta tem toda a força do fogo do signo de Leão para conduzir um grupo de pessoas por razões plenamente aceitáveis e não tanto ditatoriais. O lado ditatorial, tal como acontece na carta O Imperador, é mostrado quando a pessoa pretende usar a sua força contra os outros e a carta manifesta a sua negatividade.
A nível emocional a carta tem paixão acesa. Não uma paixão de adolescente mal consegue digerir as emoções, mas a ideia de uma mulher cheia de amor que está decidida a casar-se e sabe como seduzir o marido para abraçar essa ideia. Também indica uma mãe que faz tudo o que pode para lutar pelos filhos, qual mãe ursa.
No plano físico existe uma possibilidade de lucros em situações empresariais uma vez que existe um domínio sobre os problemas. Eu estou prevenido, por isso todos os problemas que surgem eu lido com eles. A necessidade de um suporte jurídico é importante para poder assegurar o futuro. Em caso de pessoas empregadas, é caso para poder fazer valer os direitos com cabeça, tronco e membros.
Quando a carta está virada, a pessoa tende a serr violenta, agressiva, ou perder o controlo das situações pelos factores externos. A força da própria pessoa é aniquilada pela exposição que faz da força e de uma segurança excessivas que supõe ter ou supõe ser eterna. O humor da pessoa fica mais amargo e pode-se tornar menos sociável por os outros se afastarem de si. Em termos de saúde, pode implicar uma intervenção cirúrgica cujo prognóstico é incerto. A energia da pessoa é completamente virada do avesso.

A Luxúria. Tarot de Thoth.
Crowley começa por dizer que o nome da  carta não devia ser A Força como é habitual nos tarot tradicionais, mas antes A Luxúria.
A carta é atribuída ao signo Leão, correspondente ao Kerub do Fogo e regido pelo Sol. Ele diz ser a mais poderosa de todas as cartas que apareceram no caminho de O Louco até aqui. O domínio total a ser atingido é um teste imenso.
Esta carta representa o casamento alquímico como ocorre na natureza, na carnalidade do acto, na consumação da relação entre o masculino e o feminino por oposição à forma mais refinada e humana ocorrida em Os Amantes.
Este é o ponto em que a mulher elevada como o elemento que leva à produção de um herói, como aquela que irá ser mãe e neste momento abriu o seu ninho para aconher a semente da besta que vai gerar um Héracles ou um Aquiles no seu interior. Esta é a carta que representa a Grande Babilónia não como fonte de pecado, mas como o grande útero da humanidade. Representa a Virgem que recebe do Espírito Santo a semente do Salvador.
Além da mulher existe a criatura que é semelhante a um leão e a uma serpente. Teth (a letra correspondente) significa serpente que deu à mulher o conhecimento do Bem e do Mal. Sem ele não seríamos completamente responsáveis pelos nossos actos.
A mão esqueda da mulher segura a rédia da besta que é o elo que os une aos dois. Pela mão esquerda, pelo lado da severidade. Na mão direita, a mão da misericórdia ergue ela o Santo Graal cheio de amor e morte como o nascimento do sol que rege a carta
A mulher parece um pouco ébria. O leão está inflamado de Luxúria. Isto é símbolo de o que foi a energia descrita é criadora primitiva que é independente da crítica da razão. Sob a figura existem as imagens dos santos sob quem caminha o leão e a energia destes Santos foi absorvida pelo Santo Graal.
Atrás da figura central existem dez círculos fulgentes que são as Sephiroth não ordenadas porque o Novo Aeon exige um novo sistema de classificação do universo.
No alto da figura saem as novas imagens da besta que são as serpentes devoradoras do antigo e recriar o novo.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

X - A Roda da Fortuna

Chegamos agora a um arcano que é, na minha opinião, um dos mais mal interpretados. A Roda da Fortuna. Talvez mais mal interpretado que o Arcano XIII (A Morte).
Um aparelho está a flutuar num mar calmo. É uma roda com seis raios suspensa num apetrecho de madeira onde se empoleiram três animais estranhos.
O pé de madeira da esquerda que está sobre o mar não toca no aro. Torna a roda mais instável, como instável é a Fortuna, a Sorte.
Os varais da roda não são equidistantes, mas dois deles estão a formar ângulos rectos dando uma aparência de cruz de Santo André ou do número romano X que define esta carta.
O animal que sobe a roda à direita tem uma forma intermédia entre o cão e a lebre. Simboliza o reino que se está a conquistar. O animal que está no cimo é uma esfinge coroado com uma espada que simboliza o reino que se tem na mão. A cair da roda está uma espécie de macaco que é o reino que se perdeu.
Esta carta é o desafio em relação ao ambiente e coisas que não se controla, os ciclos de sorte e azar que a roda vai dando cada vez que é posta a trabalhar. Qualquer um dos três animais pode aparecer a determinar a fase de vida. Lembra a mobilidade das coisas e as influências da Lua e de Mercúrio.

Roda da Fortuna. Tarot Asteca.
No plano mental, a carta é sinal de dinamismo que não víamos em O Ermita. A carta está sempre a girar e a criar actividade, a criar criatividade, iniciativa, espírito dinâmico. A carta indica um período de boa sorte e que o espírito é capaz de agarrar essas oportunidades. A nível mais pessoal, uma grande espontaneidade e brio. É preciso no entanto que a presença de espírito se lembre que é passageira a fase.
A nível emocional a carta é forte. A carta indica que, como se está numa fase positiva, os sentimentos estão em alta. Existe um juízo sadio; mais sadio e equilibrado que em A Justiça, pois aqui está tirado com o peso do coração, com a paixão e devoção sinceras. Também é uma decisão mais concreta que no caso de Os Amantes porque é tomada com alegria e não sob pressão.
Em termos físicos as coisas não são estáveis porque precisam de evolução. Não podem permanecer estáveis. Estas mudanças tendem a ser melhores, no sentido do desenvolvimento. A dúvida metódica é a melhor estratégia de negócios. De todo o modo não pode haver a ilusão de ser o melhor para todos e a todos os níveis, tudo é instável ainda, passa por uma limpeza, por uma mudança. Em que ponto da roda é que estás? Em que animal? A nível de saúde existe uma força grande na circulação. No caso de estar virada ao contrário deve-se vigiar a possibilidade de um problema vascular ou cardíaco.
Quando a carta está ao contrário, a instabilidade e mudanças são desfavoráveis e que desgastam demasiado o consulente. A carta alerta que se devem mudar as bases em que a pessoa tem seguido no seu caminho em relação ao problema. A carta pode indicar uma fase de azar, insegurança e de falta de seriedade.

Fortuna. Tarot de Crowley
A carta com o número X é chamada de Fortuna no Tarot de Thoth. Associa Crowley a carta a Júpiter, o grande benfeitor da astrologia. A letra é Kaph (palma da mão) que é também ligado às artes divinatórias. A carta não é associada à Boa Fortuna, mas a toda a Sorte.
A carta representa o universo em contínua mudança. Acima aparecem estrelas distorcidas mas num equilíbrio. Delas brotam raios que agitam o firmamento em penachos azuis e violetas.
Ao centro uma roda com dez raios de cor amarela. É uma carta que rege o governo dos assuntos físicos segundo o sephiroth Malkuth. Sob a roda está a esfinge com a espada, Hermanúbis e Tífon. Representam as três formas de energia que produzem os fenómenos. A primeira forma é das trevas, ignorância, inércia, morte, etc. A segunda é excitação, fogo, brilho, etc. A terceira é inteligência, calma, lucidez, equilíbrio.
A esfinge representa também os 4 Kerubs que falei no Arcano V, correspondendo às quatro virtudes primordiais: saber, querer, ousar e calar. Representa o enxofre e à segunda força.
O Hermanúbis é um deus composto que é dominado pelo símio. Representa o mercúrio e a terceira força.
Tífon representa a primeira força. É um deus primordial que é associado à destruição e violência dos vulcões. Mas os mesmos raios que destroem, também constroem.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

IX - O Ermita

Um homem de pé caminha com um bastão na mão esquerda e uma lanterna na mão direita que eleva ao nível do rosto. Procura ver a luz. Chegar até ela. O rosto está bastante voltado para o lado esquerdo.
Ele veste um manto azul com forro amarelo. Uma veste de cor verde por baixo e um gorro que leva para traz da nuca de cor vermelha. O abandono do material. Que esconde dentro de si um forro também amarelo. A espiritualidade oculta. A busca pelo oculto.
Esta é a carta daquele que busca insaciavelmente, o que não desiste e tem perseverança, mesmo que chegue à velhice a batalhar. A carta representa aquele homem que se isola para se auto-conhecer, pois só no silêncio se pode meditar profundamente. Existe uma aridez à volta porque O Ermita largou o que era material e desnecessário na caminhada de O Louco.
Apesar de tudo, o tereno está arado e pronto a receber as sementes para uma boa produtividade.
A carta é a sabedoria. O fruto da idade e da experiência, assim como da profunda reflexão. Por isso esta sabedoria é maior que nas cartas anteriores. As cartas de figuras de uma certa idade representam a sabedoria que traz a experiência, mas aqui ela tem o desapego ao mundo que não existe em O Imperador e em O Papa. É também a carta do sigilo.

O Protector. Oráculo de Sabedoria Celta. 
 No plano mental esta carta indica que a pessoa em questão tem um conhecimento profundo do problema para o poder resolver, que lhe basta aventurar-se no escuro para que o mesmo seja resolvido. Caso o mesmo tenha um problema em cima, pode também dizer que de um modo inesperado os esclarecimentos aparecerão de modo inesperado. A carta indica também que é necessário uma maturação sobre o problema, que se deve reflectir sobre o mesmo antes de tomar uma decisão. Mais que uma carta de acção é uma carta de esclarecimentos e meditação.
A nível emocional indica uma maturidade, falta de paixão, mas uma consciência de crescimento a nível emocional. É também sinal de prudência na procura do concílio para construir uma base melhor. A carta é indicativa de todo o passado da pessoa e da forma como o mesmo o deixa no momento, é sinal da sua experiência nas desavenças do amor de Os Amantes e dos juízos de valor em A Justiça. Falta-lhe ainda a espiritualidade mais profunda.
No plano físico, como O Louco largou tudo o que era material para viver do que a natureza lhe traz, esta carta indica uma abnegação do material, pode indicar perdas monetárias, ou o ter um desafio a nível financeiro em que tem de aproveitar todos os pequenos recursos. É uma carta que visa o aproveitamento. Indica também uma capacidade de grande gestão de problemas complexos a nível de trabalho, mesmo que sem os recursos para a ação. Na saúde existe uma recomendação em fazer uma verificação do estado de saúde não por preocupação, mas para não ter surpresas desagradáveis.
Quando O Ermita está desvirado, a carta é sinal de falsas conceções da realidade, alucinação, dificuldade de remar contra a maré. Indica isolamento forçado, depressão e incapacidade em se aclamar.

O Ermita. Tarot de Thoth.
Segundo Crowly, a carta associa-se á letra Yod (significa mão). No centro da imagem aparece uma mão segurando uma lanterna que ilumina a carta. A letra é a primeira letra do Tetragrammaton que representa a ideia de pai, o espermatozóide. O espermatozóide repouza num manto de cor de Binah onde o mesmo será gestado depois da fecundação.
A lanterna é o sol do fogo primordial.
A figura contempla o ovo. de cor verde contido no universo e que está envolvido pela serpente multicolorida de Mercúrio. Não só porque a luz da carta é a luz do sol, mas porque é também a luz criativa, a luz que é vida do universo.
Pelo significado forte da carta associado à fertilidade, o signo associado é Virgem, que é regido por Mercúrio e associado ao elemento Terra que é representado pelas espigas a envolver O Ermita.
A carta é a forma mais inferior e mais fértil da Terra, a que está por cima do Hades. A figura central é o Psicopompo, a figura que conduz as almas pelo submundo e que as afasta dos perigos representado pelo cão Hades.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

VIII - A Justiça

Uma mulher está sentada num trono que segura na sua mão direita uma espada erguida para cima e na mão esquerda uma balança em posição de equilíbrio. A mão que segura a balança é elevada ao sítio do coração implicando um equilíbrio entre a mente (representada pela espada) e o coração.
A expressão da mulher é severa e olha de frente. Não é como as figuras da justiça comuns que têm os olhos vendados, por a justiça ser cega, mas aqui aparece a figura com os olhos abertos, significando que não é uma justiça de factos mas uma justiça que vem da consciência, do conhecimento de nós mesmos e não uma justiça vinda das leis.
No busto da figura aparece um colar de cor amarela, símbolo da espiritualidade.
A figura veste uma capa verde, símbolo de um cargo. Tem uma veste complexa que envolve o seu corpo em algo que lembra uma mandorla (orla em forma de amendoa) símbolo de rectidão do seu juízo.
Na cabeça a figura tem uma coroa igual à coroa de A Imperatriz mas com uma touca por baixo, que indica que o material foi sublimado.
No espaldar do trono as esferas foram esculpidas de modo diferente, o que significa que o que faz a mão direita é diferente do que faz a mão esquerda.
Na figura não se avistam os pés. No chão quase árido apenas cresce uma planta.

Tarot Místico por KnightFlyte.
No plano mental existe uma clareza de espírito que lhe permite um juízo correcto das situações. Capacidade de avaliar os momentos oportunos. Um concílio entre o ideal e o possível. Implica uma harminia e disciplina mental. A razão ao serviço da praticidade.
A nível emocional esta carta é um pouco árida. Existe uma consideração literal do que se diz, que é demasiado racional e pouco emotivo o que pode levar a rupturas emocionais. Uma possível separação num casamento, ou um princípio de fase de rigidez e severidade, mais que de paixão.
No plano físico existe uma disciplina que leva a um rigor nas contas. A carta pode também indicar que se aproxima uma fase de prestar contas a alguém e que se tem de arcar com isso, o que se semeou, se vai colher. Em termos de saúde existe um equilíbrio, mas podem decorrer problemas da imobilidade em que se vê a figura sentada preguiçosamente como obesidade ou apoplexia.
Quando a carta está invertida implica uma situação de injustiza, de juízo errado, de se ter um castigo duro por algo que se fez. Perigo se de ser intrujado ou tendência para a pessoa se aburguesar pelo comodismo às condições adquiridas.

Ajustamento. Tarot de Thoth.
Crowley altera o nome da carta para Ajustamento em vez do nome Justiça. Segundo as suas palavras: "Esta palavra detém ssomente um sentido puramente humano e, consequentemente, relativo, de modo a não ser considerada um dos fatos da natureza.A natureza não é justa de acordo com qualquer ideia teológica ou ética."
A carta é representada pelo signo de Balança que é regido por Vénus e exaltado por Saturno.
É o complemento feminino da carta O Louco por Aleph e Lamed (a letra a que corresponde esta carta) serem a chave secreta do Livro da Lei.
É uma mulher esbelta e equilibrada na ponta dos dedos dos pés. Adornada com plumas de avestruz de Maat, deusa egípcia da justiça e à sua frente a serpente Uraeus, Senhor da Vida e da Morte. Ela está mascarada e a expressão mostra satisfação do domínio pelo que está em desequilíbrio. Este equilíbrio é visto pela espada a apontar para baixo e nos pratos da balança equilibrados contendo o alpha e o omega, o primeiro e o último. Os testes que a pessoa passa, absorve e transmute para seguir em frente.
O seu trono é formado por esferas e pirâmides e, númeroo 4 e em estado de equilíbrio como a figura central em pose impessoal.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

VII - O Carro ou A Carruagem

Depois de um tempo de pausa, volto para mais uma série de cartas. Desta vez o Tarot começa a largar a materialidade e a tornar-se cada vez mais espiritual. Este avançar no caminho é marcado pela carta O Carro.
Dois cavalos puxam uma espécie de carruagem onde se encontra um homem com uma coroa na cabeça e com um cetro na mão direita.
Na parte da frente do carro um escudo com letras que podem variar conforme a edição de cartas.
Os dois cavalos presentes na carta, mais que estarem colocados adiante do carro, parecem fazer parte dele, ou mesmo serem como que cavalos siameses. Ambos os animais olham para a esquerda da carta apesar de cada um parecer seguir numa direção diferente. Cada um dos cavalos levanta uma das pernas. O cavalo da direita levanta a sua pata esquerda. O da esquerda levanta a direita.
Acima do carro erguem-se quatro colunas com um véu descoberto por cima delas. Símbolo de que a pessoa está a ser revelada. já não tem medo.
O homem do carro tem à cintura um cinto de cor amarela, símbolo do caminho espiritual que está a tomar.
O cetro que ele tem na mão termina num globo com um cone por cima. A cobrir o corpo dele existe uma armadura e tem um colar branco em forma de lua a protegê-lo. A figura está protegida para ir à luta. Tem a determinação para avançar, perdeu o medo.
No solo cinco plantas aparecem com várias folhas. O solo apresenta-se mais produtivo.

Tarot Express por FragOcon
A nível mental esta carta indica uma vitória, um triunfo, mas não a conclusão das coisas. É preciso ver completamente o conjunto porque as cortinas que bloqueiam a vista ainda não permitem ver tudo, é preciso que desapareçam. Existe uma coonquista pelo facto de se conseguir dirigir forças convergentes. Agora é preciso levar as nossas dúvidas e cautelas a bom fim. Esse será um desafio próximo.
No plano emocional a carta indica uma afectação às pessoas com quem se lida, ou mesmo um sentimento de protectorado, mais que um sentimento de amor ou de ligação emotiva. Existe uma construção mais complexa de sentimentos que na carta anterior em que as personagens eram levadas por paixões e compromissos.
Em termos físicos em O Carro temos uma grande atividade e rapidez nas ações. Um sentimento que se pode confundir com superioridade por ter a capacidade de lidar com várias questões conflituosas. Tato para a diplomacia e capacidade de lidar questões importantes na gestão de uma empresa. Pode indicar também uma grande mobilização de fundos, tanto para ganhos como gastos. Na saúde existe uma recuperação rápida do bom estado de saúde. Um ganho de energia grande, uma lufada de ar fresco.
Quando a carta se encontra virada ao contrário, indica que a pessoa tem ambições injustificadas, sentimento de megalomania que podem levar as coisas a um camminho incerto e de perdas certa. Pode indicar uma falta de talento para a tarefa que está a desempenhar por não saber como lidar com os cavalos desgovernados. Indica uma usurpação de poder, um conseguir as coisas a todo o custo, mesmo que à custa de espezinhar pessoas. Pode indicar para um trabalhador a falta de energia e um cansaço constante. Recomenda-se descanso.

O Carro. Tarot de Crowley.
Segundo Crowley a carta é ligada ao signo Caranguejo. Associado à primeira manifestação cardeal do elemento água.
A carta é o Hierofante que vem do outro lado da Árvore da Vida trazendo o fogo para a humanidade como Prometeu o fez. O dossel da carruagel é influenciado pelo azul do céu nocturno de Binah. A escuridão que envolve a figura que traz a luz.
O Carro é puxado por quatro esfinges que representam os 4 Kerubs: o touro, a águia, o leão e o homem.
O auriga tem uma armadura cor de ambar, apropriada ao signo da cartela e conduz o sistema de maneira equilibrada. A sua função é levar o Cálice Sagrado, o facho de fogo. Ele tem a viseira do elmo baixada porque nenhum homem poder ver o seu rosto e viver.
A cor do cálide é ametista, símbolo de Júpiter, pois Júpiter é exaltado em Caranguejo, assim como a cor lembra de novo o mar de Binah e a forma lembra a Lua Cheia, planeta regente do signo Caranguejo.
No fundo do cálice está o Sangue Real, o sangue que ilumina a humanidade e de onde brotam os raios que iluminam toda a figura.
A carta é essencialmente uma ferramenta de equilíbrio e de vinda de energia vital para a meditação e trabalho no dia-a-dia.