segunda-feira, 25 de novembro de 2013

I - O Mago

O título desta lâmina, Le Bateleur, pode ser traduzido como O Prestidigitador, O Malabarista, O Acrobata, O Cómico. Vulgarmente é tratado como Mago.
Um homem em frente a uma mesa com vários instrumentos que representam os vários naipes de cartas e uma alusão aos 4 Elementos. O seu rosto está voltado para a esquerda e em cima da cabeça um chapéu em forma de ansata, ou um 8 deitado representando o infinito. Usa, tal como O Louco, um cinto de cor amarela, símbolo da esppiritualidade.
A mesa está assente sobre três pés. A paisagem é bastante árida, apenas com três tufos de ervas presentes.

Esta lâmina está como o esforço da vontade, a primeira tomada de acção. O domínio dos vários objectos que estão em cima da mesa, das várias opções eà frente da vida. Está envolvida com a espontaneidade e capacidade criativa, um espírito aberto a conhecer a realidade, a captar dados provenientes do meio.
É o ponto de partida, a primeira  paragem na viagem de O Louco que somos cada um de nós. Este personagem lembra termos de ter um espírito aberto e calculista, um espírito de desafio que tudo o que precisamos vem ter connnosco. Só precisamos de aceitar o desafio. Existe uma forte influência de Mercúrio, o planeta e o correspondente da mitologia romana, não como acontecia no Arcano anterior, mas como a personagem Hermes Trimegisto, o grande mestre, o que sabe lidar com a natureza para entregar os medicamentos, que sabe usar o princípio último para transformar a pedra em ouro. Por isso existe uma forte associação à inteligência rápida, ao raciocínio de circunstância e a pequenos conceitos, mais que a grandes leis do Universo. Implica também uma forte componente de conversa para poder convencer as pessoas, a figura de Hermes associada aos ladrões e comerciantes que este mesmo deus protegia.
O Mago. Tarot de Oswald Wirth.
Em termos mentais, este Arcano está associado a processos de associação, de integração rápida de ideias diferentes, de compilação de conhecimentos com um fim prático imediato. Envolve também uma certa inquietação.
Em termos emocionais existe ainda uma grande imaturidade, uma grande componente materialista, a busca de sensações mais que as relações, uma grande criatividade, generosidade, mas falta de constância, a lembrar que o mercúrio é o metal líquido. De todo o modo grande fecundidade a vários níveis.
Ao nível físico, existe um grande controlo de enfermidades de ordem mental ou nervosa mesmo com as grandes flutuações a que leva a curiosidade. Existe tendências boas para a saúde, mas não há garantias de uma cura a outros níveis. Pode ser mais uma carta que permite a pessoa se fortalecer, ganhar mais ânimo que pode ser o suficiente para ajudar a cura, ou apenas para dar uma maior vitalidade.
Quando a carta está desvirada, indica uma pessoa mentirosa, falsa, que explora os outros. Indica falta de escrúpulos, brigas e discussões que podem tornar-se violentas pelo vigor da pessoa. Pode também indicar uma dispersão nas ações e falta de concentração pela grande curiosidade e fluidez do seu espírito. Também pode indicar uma grande incerteza, falta de ânimo em continuar.

O Mago. Tarot de Crowley.
Em relação a esta carta, referir que existe uma grande importância em a poder explorar mais a fundo. Refiro uma frase de Oswald Wirth: "Se o mundo visível não passa de ilusão, o seu criador não será o criador por excelência?" Tomando isto como ideia, para um uso de Tarot em termos de Meditação, é comum poder-se solicitar à carta a capacidade de criar, de desenvolver a mente criadora, a imaginação. Também deve ser encarado como o primeiro desafio de um Iniciado no caminho do para além do real.

No baralho de Crowley, a carta original tem o nome de O Prestidigitador. Segundo Crowley, a carta deriva o seu nome de "o portador do bastão", de que o próprio é elemento (o bastão de Hermes). A própria figura amarela é o mesmo deus, com as suas asas nos pés. Tem atrás de si as duas cobras compondo o símbolo de infinito. Na mão o pau ou bastão de fogo com que Prometeu trouxe o fogo para a humanidade.
O macaco do lado direito é o próprio Thoth antes de ser elevado pelo Aeon de Osíris. Ele simboliza a ressurreição por um progresso através dos mundos.

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