quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

XVIII - A Lua

Uma lua aparece no cimo da carta com um halo de raios vermelhos e amarelos. A lua tanto aparece cheia ou em quarto crescente. Aparece um rosto humano desenhado na lua.
Existem 19 gotas dispostas em duas fiadas. As cores das gotas variam consoante a edição das cartas. As gotas parecem ser atraídas para a lua e não estão a cair como a chuva. Na carta que se segue, o Sol, aparecem gotas na direcção inversa. Existe um magnetismo para a pessoa. A capacidade intuitiva a dar os  seus frutos.
Abaixo da lua dois animais estão a lamber as gotas que se dirigem para o astro. Os animais são identificados como um lobo e um cão. Duas versões de um mesmo animal: a selvagem e a doméstica. Ambas associadas a um sexto sentido e à proteção. A proteção dos mais próximos e a proteção das forças da natureza. Os dois animais são também vistos como os guardiões das portas do céu e do inferno. Esta carta está muito associada à magia pratica, mais que religiosa.
Duas torres parecem delimitar o espaço onde toda a cena decorre, as torres afastam todas as pessoas estranhas ao meio. Apenas os iniciados podem usar o poder do novo renascimento.
Na paisagem vê-se um terreno verde e uma parte ainda por cultivar, a gerar os seus frutos. Nas diferentes edições da carta aparecem em número variável. Algumas gotas aparecem também no chão. A influência da Natureza na personalidade volúvel da pessoa.
Na parte frontal da carta uma piscina que no seu interior tem um lagostim ou um caranguejo. As aparências e ilusões que eram percebidas em A Sacerdotiza são agora descobertas. O caraqnguejo sempre foi associado aos rituais da lua pelo seu movimento retrógrado, tal como é observado tradicionalmente.
Nalgumas edições de tarot, a carta não aparece com uma piscina, mas com um curso de água. O símbolo do parto que se está a dar. A gravidez. O estar-se envolvido em água, pela água toda a vida começa.

A Lua. Tarot de Visconti.
No plano mental, devem ver-se todos os projectos de modo superficial e com uma grande cautela para não ocorrerem erros de análise ou de ser proposto o projeto baseado em fantasias e sonhos do que possa acontecer. Em termos de trabalho a carta avisa das possibilidades de erro que se tem. Mesmo com toda a experiência adquirida, ainda não se deixou de ser humano e de poder cometer erros. O Louco não terminou ainda a sua viagem. A grande capacidade sensitiva faz da pessoa regida pela carta sensível ao efeito das outras pessoas, por isso é normal que ver a verdade seja complicado. Para a cabeça da pessoa as pessoas falam verdade ou estão sempre a mentir. De todo o modo não admite o seu próprio erro.
A nível emocional existe uma confusão. O facto de se mergulhar completamente na ilusão faz que não se consiga sair de um sentimento passional quase cego. Existe também a vontade de se querer uma relação amorosa que não passa apenas de um desejo quimérico. Nada terá de profundo. Depois de toda a viagem, nesta carta existe o cansaço de se ver profundamente. Falta aprender a ver as coisas com a supeerficialidade necessária. Mas que apenas é aprendida em O Sol. A aprendizagem aqui é feita pela dor. É preciso ver o que ela ensina e isso não é fácil.
Em termos terrenos, a dizer que existem segredos e coisas ocultas da pessoa em causa e que não domina. Se a pessoa em causa está envolvida em esquemas ou possibilidade de escândalo, essa possibilidade pode passar ao domínio público. Em termos de saúde a carta pode dizer que a pessoa esteja a ter um grande desgaste nervoso e que deve procurar um ambiente mais seco e luminoso para a recuperação.
Caso a carta esteja invertida, o instinto da pessoa em vez de a conduzir a uma boa intuição, torna-se um pântano que não resolve a cabeça da pessoa. Existem possibilidades de a pessoa ser confrontada com visões que lhe distorcem a ideia da realidade, ou de sonhos que são perturbadores. A pessoa em causa pode ser vítima de uma chantagem.

A Lua. Tarot de Thoth.
Para Crowley a carta está associada à letra Qoph que representa Peixes no Zodíaco, é o último estádio do Inverno. Poderia ser chamado de Portal da Ressurreição. A carta representa também a meia-noite.
Na parte inferior da carta aparece um escaravelho, o Kephra egípcio trazendo nas mandíbulas o astro solar que está para germinar depois do inverno ou das trevas da noite.
Acima da água existe uma paisagem assustadora. Vê-se um caminho entre dois montes com manchas de sangue em forma de yod caídas da lua que aparece em cima de toda a paisagem.
A lua ocupa o vínculo entre o humano e o divino, como é também dito no Arcano II. Esta é a lua minguante, a lua em que são feitos os rituais de magia para os feitos abomináveis. "Ela é a escuridão envenenada que é a condição do renascimento da luz."
Acima das colinas estão duas torres negras. São as torres do mistério inominado, do horror e do medo. Tudo se liga para obscurecer o olhar humano e o fazer temer continuar o seu caminho. É necessário uma coragem tamanha para continuar. Aqui reside a viagem enganosa em que o fogo perde a sua capacidade de iluminar. A lua não tem ar, por isso o viajante perde os dois sentidos maiores: a visão e a audição. Ele tem de se guiar pelo tato, pelo olfato e pelo paladar.
Deve-se procurar a ajuda do deus Anúbis, o deus-chacal de Khem, o vigilante do crepúsculo. Ele aparece dobrado em duas figuras diante do portal. Aos seus pés estão as feras uivantes que devoram aqueles que ignoraram a sua figura ou que ignoraram o seu nome.
A carta representa a noite escura da alma que é muitas vezes referida por vários ocultistas onde se termina a dizer: "Quão esplêndida é a aventura!"

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