quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Descrição da Grécia - Pausanias Livro 1

Sounium e Laurium
[1.1.1] Na zona continental grega, olhando as Ilhas Cíclades e o Mar Egeu, o promontório de Sounium se levanta nas terras da Ática. Quando contornares o promontório verás um porto e o templo de Athena em Sounium no topo do promontório. Mais adianta está Laurium, onde antes os Atenienses tiveram minas de prata e uma pequena ilha inabitada chamada Ilha de Patroclus. Nela uma fortificação e uma paliçada foi construída por Patroclus, que era almirante dos guerreiros Egípcios enviados por Ptolomeu, filho de Lagus, para ajudar os Atenienses, quando Antigonus, filho de Demetrius, estava devastando os seus domínios, que ele invadiu com um exército e ao mesmo tempo era bloqueado por eles no mar com uma armada. (1)

Pireu
[1.1.2] O pireu era uma freguesia desde tempos antigos, embora não fosse um porto antes que Themistocles se tornou arcano dos Atenienses (2). O seu porto era Falero, por neste lugar o mar é mais próximo de Atenas, e desde ali dizem que Menestheus largou com a sua armada para Tróia, e antes dele Theseus, quando ele foi justificar a Minos a morte de Androgeus. Mas quando Themistocles se tornou Arcano, desde que pensou o Pireu ser mais convenientemente situado para os marinheiros, e tinha três portos contra o único de Falero, tornou-o o porto de Atenas. Até ao meu tempo existiam docas ali e no mais distante porto está o túmulo de Themistocles. Dizem que os Atenienses se arrependeram do seu trato a Themistocles e seus associados trazendo os seus ossos de Magnésia. E os filhos de Themistocles certamente regressaram e assentaram no Partenon uma pintura, que é um retrato de Themistocles.
[1.1.3] O lugar mais notável avistado no Pireu é um recinto de Athena e Zeus. Ambas as suas imagens são de bronze; Zeus segura um bastão e uma Vitória, Athena uma lança. Aqui existe um retrato de Leosthenes e dos seus filhos, pintado por Arcesilaus. Este Leosthenes como chefe dos Atenienses e Gregos unidos derrotou os Macedónios na Boécia e também forçou para além de Thermopylae e os forçou para Lamia contra Oeta e os cercou ali (3). O retrato está no enorme pórtico, que se levanta na zona do Mercado para os que vivem junto do mar - para os que vivem longe do porto existe outro - mas atrás do pórtico, junto ao mar está um Zeus e um Demos, obra de Leochares. E no mar Conon (4) construiu um santuário a Afrodite, após ter esmagado os navios de Guerra Lacedaemónios de Cnidus na peninsula Cariana (5). Os de Cnidus tinham a Afrodite grande devoção e tinham santuários da deusa; o mais antigo a ela é Doritis (Abundante), o seguinte em idade é Acraea (Das Alturas), enquanto o mais recente de Afrodite chamam em geral Cnidian, mas Euplotia (Boa Viagem) chamam os próprios Cnidianos.
[1.1.4] Os Atenienses tinham um terceiro porto em Muniquia, com um tempo a Artémis de Muniquia e outro ainda em Falero, como antes havia ditto, e junto a ele um santuário a Demeter. Aqui existe também um santuário a Atenas Sciras e um a Zeus um pouco mais distante, e altares para os deuses designados Desconhecidos, e aos heróis e aos filhos de Theseus e Falerus; de Falerus dizem os Atenienses que navegou com Jason de Colchis. Existe também um altar a Androgeus, filho de Minos, embora seja o chamado aos heróis; aos que prestam atenção ao estudo das antiguidades dos seus países que saibam que pertencia a Androgeus.
[1.1.5] A vinte quilómetros está o promontório de Colias; nele, quando a frota persa foi destruída, os destroços foram levados pelas ondas. Ali existe uma imagem da Afrodite Coliada com a deusa Genetyllides (Deusa do Nascimento), como são chamadas. E eu sou da opinião que as deusas dos Fócios da Iónia, a que chamam Gennaides, são os mesmos que em Colias. No caminho de Falero a Atenas existe um templo a Hera sem portas nem telhado. Dizem que Mardonius, filho de Gobryas, o queimou. Mas a imagem de agora é, como me reportaram, obra de Alcamenes (6). De forma alguma poderia este ter sido danificado pelos Persas.
[1.2.1] Entrando na cidade existe um monument a Antíope, a Amazona. Desta Antíope diz Píndaro que foi levada por Peirithous e Teseus, mas Hegias de Troezen dá-nos o seguinte relato dela: Heracles sitiava Themiscyra no Thermodon, mas não conseguia tomá-la, então Antíope, caída de amor por Teseus, que ajudava Heracles na campanha rendeu a Fortaleza. Assim é a versão de Hegias. Mas os Atenienses contam que quando as Amazonas vieram, Antíope foi atingida por Molpadia, e Molpadia foi ele morto por Teseus. A Molpadia também existe um monumento entre os Atenienses.
[1.2.2]  Ao subir do Pireu podeis ver as ruínas das muralhas que Conon restaurou após a batalha naval de Cnidus. Estas foram construídas por Themistocles após a retirada dos Persas e foram destruídas durante o regime dos chamados Trinta (7). Ao longo do caminho existem túmulos muito famosos, como de Menander, filho de Diopeithes e um cenotáfio de Euripides. Ele mesmo se apresentou ao Rei Archelaus e está enterrado na Macedónia; acerca da sua morte (muitos o descreveram), seja como disseram.
[1.2.3] Mesmo no seu tempo poetas vivias nas coortes dos reis, bem cedo Anacreon juntou com Polycrates, déspota de Samos, e Ésquilo e Simonides viajaram para Hiero em Syracusa. Dionysius, depois déspota na Sicília tinha Philoxenus na sua coorte e Antigonus (8), regente da Macedónia, tinha Antagoras de Rhodes e Aratus de Soli. Mas Hesíodo e Homero ambos falharam de ganhar sociedade com os reis ou a desprezaram propositadamente: Hesíodo através do aborrecimento e relutância a viajar, enquanto Homero, tendo ido bastante longe, depreciou a ajuda oferecida pelos déspotas na aquisição de riqueza comparando a sua reputação à dos homens vulgares. E mesmo Homero nos seus poemas faz Demodocus viver na coorte de Alcinous e Agamemnon deixa um poeta com a sua mulher. Não longe dos portões existe uma tumba, na qual está de pé um soldado ao lado de um cavalo. Quem é não sei dizer, mas ambos cavalo e soldado foram esculpidos por Praxiteles.

Atenas
[1.2.4] Entrando na cidade existe um edifício para preparar procissões, que são feitas em alguns casos cada ano, outros em intervalos mais longos. Se impõe aí um templo a Demeter, com imagens da deusa e da sua filha, e de Iacchus segurando uma tocha. Na parede, em letras Áticas, está escrito que foram trabalhos de Praxiteles. Perto do tempo Poseidon a cavalo, sustentando uma lança contra o gigante Polybotes, que prevaleceu entre os Coans a história do promontório de Chelone. Mas a inscrição do nosso tempo atribui a estátua a outro, e não a Poseidon. Dos portões para Cerameicus existem porticos e diante deles estátuas de bronze dos que tinham algum título de fama, tanto homens como mulheres.
[1.2.5] Um dos porticos contém estelas para os deuses, e um ginásio apelidado de Hermes. Nele está a casa de Pulytion, da qual dizem que um ritual místico era feito em devoção a Dionysus. A este Dionysus chamam Melpomenus (Menestrel), pelo mesno princípio que chamam Apollo Musegetes (Chefe das Musas). Existem imagens de Athena Paeonia (Curadora), Zeus, Mnemosyne (Memória) e das Musas, um Apollo, a oferta votive e trabalho de Eubulides, e Acratus, um daemon que atendia Apollo; é apenas um rosto dele trabalhado na parede. Após o recinto de Apollo está um edifício que contém imagens de utensílios, Amphictyon, rei de Atenas, festejando Dionysus e outros deuses. Aqui está também Pegasus de Eleutherae, que introduziu o deus aos Atenienses. Para isto o ajudou o oráculo de Delfos, que lembrou que o deus morou em Atenas nos dias de Ícaro.
[1.2.6] Amphictyon ganhou então o trono. Diz-se que Actaeus foi o primeiro rei do que é agora Ática. Quando morreu, Cecrops, um genro de Actaeus, recebeu o reino e lhe nasceram filhas: Herse, Aglaurus e Pandrosus e um filho: Erysichthon. Este filho não se tornou rei dos Atenienses, mas aconteceu morrer enquanto o seu pai vivia e o reino de Cecrops caiu para Cranaus, o mais poderoso dos Atenienses. Dizem que Cranaus teve filhas e entre elas Atthis e a partir dela se chamou ao reino Ática ao que antes foi chamado Actaea. E Amphictyon levantou-se contra Cranaus, embora tivesse a sua filha como esposa, depondo-o do poder. Depois ele mesmo foi banido por Erichthonius e os seus seguidores rebeldes. Dizem uns que Erichthonius não tinha pai humano, mas que seria filho de Hephaestus e Terra.
[1.3.1] O distrito de Cerameicus teve seu nome do herói Ceramus, ele mesmo reputado filho de Dionysus e Ariadne. Primeiro à direita o que é chamado Pórtico Real, onde se senta o rei quando exerce o ofício annual que chamam reinado. Nos azulejos deste portico estão imagens em barro assado: Theseus atirando Sciron para o mar e Day levando Cephalus, que dizem que era muito bonito e foi raptado por Day que estava enamorada dele. O seu filho foi Phaethon, … e fez um guardiam do seu tempo. Assim é a história contada por Hesíodo no seu poema acerca de mulheres.
[1.3.2] Junto do portico se ergue Conon, Timotheus seu filho e Evagoras (9) rei de Chipre, que levou os guerreiros Fenícios serem dados a Conon pelo rei Artaxerxes. Isto ele fez como um Ateniense cujos ancestrais o ligavam a Salamis, que traçou a sua linhagem até Teucer e a filha de Cinyras. Ali se ergue Zeus, chamado Zeus da Liberdade, e o Imperador Adriano, um benfeitor para todos os seus súbditos em especial para os da cidade dos Atenienses.
[1.3.3] Um portico foi construído com imagens de deuses a que chamam os Doze. Na parede oposta pintados Teseu, Democracia e Demos. A imagens representa Theseus como aquele que deu aos Athenienses a igualdade política. Por outras palavras se espalhou que Theseus concedeu a soberania ao povo, e desde esses tempos continuaram com um governo democrático até Peisistratus se levanter e tornar déspota (10). Mas existem agora muitas falsas crenças correntes entre a massa de homens, uma vez que ignoram a ciência histórica e consideram confiável o que ouviram desde a infância em coros e tragédias; uma destas acerca de Theseus, que se tornou de facto rei, e depois, quando Menestheus foi morto, os desdendentes de Theseus permaneceram regents até à quarta geração. Mas se me importasse em traçar as linhagens deveria ter incluído na lista, além destes, os reis desde Melanthus a Cleidicus filho de Aesimides.
[1.3.4] Existe uma imagem da façanha, perto de Mantinea, dos Atenienses que foram enviados para ajudar os Lacedaemonianos (11). Xenofonte entre outros escreveu a história de toda a Guerra - a tomada do Peloponesus e o contingente enviado aos Lacedaemonianos de Atenas. Na figura está uma batalha de cavalaria onde os mais famosos foram entre os Atenienses Grylus filho de Xenofinte e na cavalaria da Boeotia Epaminondas o Tebano. Estas figuras foram pintadas para os Atenienses por Euphranor e ele trabalhou também no Apollo apelidado Patrous (Paternal) no seu devido templo. E na frente está um Apollo feito por Leochares; o outro Apollo, chamado Inversor do Mal, foi feito por Calamis. Dizem que o deus recebeu este nome porque num oráculo de Delfos ele assentou a pestilência que afligiu os Atenienses nos tempos da Guerra do Peloponeso (12).
[1.3.5] Estyá construído um santuário à Mãe dos Deuses; a imagem é de Pheidias(13). Em redor está a câmara do conselho dos chamados Quinhentos, que são os conselheiros Atenienses de cada ano. Nela existe uma figura em madeira de Zeus Conselheiro e Apollo, trabalhos de Peisias(14), e um Demos por Lyson. Os thermosthetae (legisladores) pintou Protogenes(15) o Cauniano, e Olbiades (16) retratou Callipus, que permitiu aos Atenienses em Thermopylae parar a invasão dos Gaulas na Grécia(17).
[1.4.1] Estes Gaulas habitaram as regiões mais remotas da Europa, junto dum grande mar que não é navegável até aos seis confins e possui fluxos e refluxos e criaturas bem distintas das doutros mares. Pelo seu país flui o rio Eridanus, nas margens do qual as filhas de Helius (Sol) supostamente lamentam o destino que caiu o seu irmão Phaethon. Era já tarde antes de o nome "Gaulas" entrar em voga; anteriomente eram chamados Celtas tanto entre eles como por outros. Uma armada deles reuniu-se e deu a volta ao Mar Iónico, despojando o povo Ilírio, todos vivendo tão longe quanto a Macedónia com os próprios Macedónios, e invadiram a Tessália. E quando eles se aproximaram de Thermopylae, os Gregos em geral não se moveram para prevenir a invasão dos bárbaros, dado que antes os derrotaram severamente Alexandre e Philip. Além disso Antipater e Cassander(18) depois esmagaram os Gregos, por isso através da fraqueza, cada estado achou não ser vregonhoso não ter nenhuma parte na defesa do país.
[1.4.2] Mas os Atenienses, embora mais exaustos que outros Gregos pela longa Guerra Macedónia, e não haviam tido em geral sucesso nas suas batalhas, partiram para Thermopylae com os Gregos que a eles se juntaram, fazendo de Callippus que mencionei o seu general. Ocuparam a passagem onde era mais estreita, tentaram manter os estrangeiros longe de entrar na Grécia; mas os Celtas, descobrindo o caminho que Ephialtes de Trachis antes levara os Persas a subjugar os Phociansque estavam ali e cruzaram Oeta despercebidos dos Gregos(19).
[1.4.3] Foi então que os Atenienses meteram os Gregos em grandes trabalhos, e embora flanqueados ofereceram resistência contra os estrangeiros nos dois lados. Mas os Atenienses na armada sofreram mais, o golfo de Lamia é um pântano junto de Thermopylae - a razão de ser, penso, é que a água quente aqui correr para o mar. Estes foram mais abatidos; tendo os Gregos posto em seus barcos eles foram forçados a navegar com a lama pesando tanto quanto pesavam armas e homens.
[1.4.4] Eles tentaram salvar a Grécia no modo descrito, mas os Gaulas, agora a sul dos Portões, não se preocuparam em capturer outras cidades, mas se tornaram ávidos de saquear Delfos e os tesouros do deus. Eles foram enfrentados pelos de Delfos e os Phocios das cidades em redor de Parnassus; a força dos Aetolios também se juntou na defesa, os Aetolios eram neste momento preeminentes na sua vigorosa actividade. Quando as forças se uniram, não apenas haviam trovões e pedras partidas de Parnassus lançadas contra os Gaulas, mas também terríveis formas como os guerreiros armados assombraram os estrangeiros. Dizem que dois deles, Hyperochus e Amadocus, vieram dos Hyperboreans e o terceiro era Pyrrhus filho de Aquiles. Pela ajuda nessa batalha os de Delfos sacrificaram a Pyrrhus como a um herói, embora antes tivessem a sua tumba em desonra, como se fosse de um inimigo.
[1.4.5] O grande número dos Gaulas cruzou até à Ásia de barco e saquearam as suas costas. Pouco depois, os habitants de Pergamus, que era chamado de velha Teuthrania, expulsaram os Gaulas do mar. Agora estas pessoas ocupando o país no outro lado do rio Sangarius capturaram Ancyra, a cidade dos Phrygios, que Midas filho de Gordius fundou no seu tempo. E o ancoradouro, que Midas fundou(20), estava até pelo menos ao meu tempo no santuário de Zeus, tão bem quanto a chamada Fonte de Midas, água que dizem ter Midas misturado com vinho para capturar Silenus. Os Pergameni tomaram Ancyra e Pessinus que está na base do Monte Agdistis, onde dizem que Attis foi enterrado.
[1.4.6] Eles ficaram com os despojos dos Gaulas e uma pintura que retratava as ações contra eles. O lugar onde moravam, dizem, nos tempos antigos era sagrado a Cabeiri, e reclamavam que eram eles Arcadianos, sendo aqueles que cruzaram a Ásia com Telephus. Das guerras que travaram nenhum registo existe no mundo, excepto que tiveram três actos bem notáveis: a sujeição costa da Ásia, a expulsão dos Gaulas e a exploração de Telefus contra os seguidores de Agamemnon, num tempo que os Gregos após a queda de Tróia, saqueavam a planície de Meian pensando-o território Troiano. Agora volto à minha digressão.
[1.5.1] Junto da Câmara do Conselho dos Quinhentos está o que chanam Tholos (Casa Redonda); aqui os presidentes sacrificam e existem algumas pequenas estátuas prateadas. Mais além estátuas de heróis de quem depois as tribus de Atenienses receberam os seus nomes. Quem foi o que estabeleceu dez tribus em vez de quatro e mudou os seus nomes antigos para novos, tudo é contado por Herodutus(21).
[1.5.2] Os eponimoi(22) - este era o nome que lhes davam - são Hippothoon filho de Poseidon e Alope filha de Cercyon, Antiochus um dos filhos de Heracles nascido de Meda filha de Phylas, em terceiro Ajax filho de Telamon e aos Atenienses pertence Leos que dizem ter abandonado as suas filhas pelo comando do oráculo para salvação da comunidade. Entre os eponymoi está Erecteus que conquistou os Eleusianos em batalha e matou o seu general Immaradus filho de Eumolpus. Também estão Oeneus o filho bastardo de Pandion e Acamas um dos filhos de Theseus.
[1.5.3] Eu vi também entre os eponymoi estátuas de Cecrops e Pandion, mas eu não sei a quem os seus nomes são honrados. Antes havia um regent Cecrops que tomou para esposa a filha de Actaeus e um posterior - aquele que migrou para Euboea - filho de Erechtheus, filho de Pandion, filho de Erichthonius. E havia o rei Pandion que era filho de Erichthonius e um outro que era filho de Cecrops o Segundo. Este homem foi deposto do seu reino por Metionidae e quando ele fugiu para Megara - que tinha por mulher a filha de Pylas rei Megara - seus filhos foram banidos com ele. E Pandion se diz que adoeceu e morreu e na costa de Megarid onde está o seu túmulo, numa pedra chamada de Atena o Alcatraz.
[1.5.4] Mas os filhos expulsaram os Metionidae e regressaram do banimento a Megara e Aegeus, como mais velho, se tornou rei dos Atenienses. Mas ao dar apenas filhas Pandion foi infeliz, nem deram elas nenhuns filhos para o vingar. Foi, no entanto, para salvar o poder que ele fez aliança de casamento com o rei da Thracia. Mas não existe forma de um mortal passer o que os deuses julgam melhor enviar. Dizem que Tereus mesmo casando com Procne, desonrando Philomela, transgredindo o costume grego e, além disso, mutilou o corpo da donzela, obrigando as mulheres a vingá-la. Existe outra estátua, que merece ser vista, de Pandion na Acrópole.
[1.5.5] Estes são os eponymoi dos Atenienses dos ancestrais. E mais tarde que estes, têm tribus nomeadas do seguinte modo: Attalus(23) o Mísio e Ptolomeu o Egípcio(24), e do meu próprio tempo o imperador Hadriano(25), que era extremamente religioso ao respeito que pagava à divindade e contribuia muito para a felicidade dos seus vários assuntos. Ele nunca entrou voluntariamente numa Guerra, mas ele reduziu os Hebeus além da Síria que se rebelaram(26). Quanto aos santuários dos deuses que em alguns casos construiu de raíz, noutros adornou com ofertas e móveis e as recompensas que deu às cidades Gregas, e algumas vezes até a estrangeiras que lhe pediam, todos estes actos eram inscritos em sua honra no santuário em Atenas comum a todos os deuses.
[1.6.1] Da história de Attalus e Ptolomeu, mais antiga é para que a tradição a mantenha, e aqueles que viveram com estes reis com o propósito de narrar os seus actos cairam em negligência antes ainda de a tradição falhar. Assim me cabe narrar seus actos e como a soberania do Egipto dos Mysios e dos povos vizinhos cairam nas mãos dos seus pais.
[1.6.2] (27) Os Macedónios consideram Ptolomeu ser filho de Filipe filho de Amyntas, embora por suposto filho de Lagus, afirmando que sua mãe estava gravida quando casou com Lagus de Filipe. E entre os distintos actos de Ptolomeu na Ásia mencionam que foi ele que, dos companheiros de Alexandre, foi o primeiro a socorrê-lo quando estava em perigo entre os Oxydracae. Depois da morte de Alexandre(28), ao resistirem aqueles que teriam conferido todo o seu império nas mãos de Aridaeus, filho de Filipe, ele tornou-se responsável pela divisão das várias nações em reinos.
[1.6.3] Ele mesmo cruzou o Egipto e matou Cleomenes, que Alexandre designara sátrapa daquele país, considerando-o amigo de Perdiccas, e assim não fiel a ele; e os Macedónios a quem confiaram a tarefa de carregar o corpo de Alexandre para Aegae os persuadiu a deixá-lo levar a ele. Ele procedeu ao funeral com rituais Macedónios em Memphis, mas sabendo que Perdiccas faria Guerra, manteve o Egipto em guarnição. Perdiccas tomou Aridaeus filho de Filipe e o rapaz Alexandre que Roxana filha de Oxyartes dera a Alexandre, para trazer cor à campanha, mas na verdade ele planeava tirar a Ptolomeu o seu reino no Egipto. Mas sendo expulso do Egipto, e tendo perdido a reputação como soldado, e ficando por outros aspectos pouco popular entre os Macedónios, foi morto pelo seu guarda-costas.
[1.6.4] A morte de Perdiccas imediatamente levou Ptolomeu ao poder, que tanto reduziu os Sírios e Fenícios e recebeu Seleucus filho de Antiochus que estava no exílio, tendo sido expulso por Antigonus; ele mesmo se preparou para atacar Antigonus. Ele insistiu com Cassander filho de Antipater e Lysimachus que era rei na Thracia para se juntarem à Guerra reforçando que Seleucus estava no exílio e que o crescer de poder de Antigonus era perigoso para todos eles.
[1.6.5] Por um tempo Antigonus preparou-se para a Guerra sem estar confiante no sucesso; mas ao saber que com a revolta de Cyrene chamaram Ptolomeu para a Libya, de imediato reduziu os Sírios e os Fenícios num ápice, entregando-os a Demetrius, seu filho, um homem com toda a sua juventude tinha já a reputação de ter bom senso, e desceu o Hellesponto. Ele fez regressar o seu exército sem ter cruzado ao ouvir que Demetrius tinha sido vencido por Ptolomeu em batalha. Demetrius não tendo ainda evacuado o país diante de Ptolomeu, surpreendei um corpo de Egípcios, matando vários deles. Então, com a chegada de Antigonus, Ptolomeu não o esperou para regressar ao Egipto.
[1.6.6] Quando o inverno passou, Demetrius navegou para Chipre e venceu uma acção naval de Menelaus, sátrapa de Ptolomeu, e depois o próprio Ptolomeu, que Viera para ajudar. Ptolomeu fugiu para o Egipto, onde foi Cercado por Antigonus em terra e por Demetrius com armada. Apesar do extremo perigo, Ptolomeu salvou o seu império ao colocar-se com um exército de Pelusium dando resistência aos navios de guerra no rio. Antigonus abandonou toda a esperança de esmagar o Egipto nestas circunstâncias e despachou Demetrius contra os de Rhodes com uma frota e um grande exército esperando, ao ganhar a ilha, a usar como base contra os Egípcios. Mas os Rhodianos mostraram ousadia e engenho perante os sitiadores além de que Ptolomeu os ajudou com todas as forças que podia reunir.
[1.6.7] Antigonus falhou assim vencer o Egipto ou Rhodes e logo depois ofereceu Guerra a Lysimachus e a Cassander e ao exército de Seleucus, perdendo muitas das suas forças, e foi ele morto, seno que sofreu mais pelo durar da Guerra com Eumenes. Dos reis que deitaram abaixo Antigonus aformo que o mais perverso foi Cassander, que embora havia recuperado o trono da Macedónia com a ajuda de Antigonus, não deixou de lutar contra este benfeitor. 
[1.6.8] Após a morte de Antigonus, Ptolomeu de novo reduziu os Sírios e Chipre e restaurou Pyrrhus em Thesprotia no continente. Cyrene se rebelou; mas Magas filho de Berenice (que era por estes tempos casada com Ptolomeu) capturou Cyrene no quinto ano de rebelião. Se este Ptolomeu era realmente filho de Filipe, filho de Amyntas, deve ter herdado do pai a sua paixão por mulheres pois, enquanto casado com Eurydice filha de Antipater, mesmo tendo filhos, apaixonou-se por Berenice que Antipater enviou ao Egipto com Eurydice. Ele enamorou-se desta mulher e teve filhos dela, e quando se aproximou o seu fim deixou o seu reino do Egipto a Ptolomeu (de quem os Atenienses nomeiam sua tribu) sendo filho de Berenice e não da filha de Antipater.
[1.7.1] Este Ptolomeu enamorou-se de Arsinoe, sua irmã, e casou com ela, violando os costumes Macedónios, mas seguindo os dos seus súbditos do Egipto. Depois mandou matar seu irmão Argaeus que estava, dizem, conspirando contra ele; e trouxe de Memphis o corpo de Alexandre. Mandou matar um ouyto irmão, filho de Eurydice, ao descobrir que estava a criar uma insurreição entre os Cyprians. Magas, este meio-irmão de Ptolomeu, a quem confiaram o governo de Cyrene através da sua mãe, - ela o tivera de Philip um Macedónio de pouca nota e de origem baixa - induziu o povo de Cyrene a revoltar-se contra Ptolomeu e marchar contra o Egipto.
[1.7.2] Ptolomeu fortificou a entrada no Egipto e aguardou o ataque dos Cyrenians, mas enquanto Magas marchava ocorreu que os Marmaridae, uma tribu de Lybios nómadas se revoltou e cairam então sobre os de Cyrene. Ptolomeu decidido a persegui-los foi retido pela sua própria situação: ao preparar o ataque contra Magas, contrato mercenários, incluso quatro mil Gaulas. Ao descobrir que planeavam colher o Egipto ele levou-os pelo rio até uma iha deserta. Morreram às mãos uns dos outros ou de fome.
[1.7.3] Magas, casado com Apame filha de Antiochus filho de Seleucus, persuadiu Antiochus a quebrar o acordo que o pai Seleucus fez com Ptolomeu e atacar o Egipto. Quando Antiochus decidiu atacar, Ptolomeu destacou forças contra todos os súbditos de Antiochus, corsários contra as terras mais fracas e um exército contra as mais fortes, por isso Antiochus nunca teve oportunidade de atacar o Egipto. Eu disse já como Ptolomeu anviou uma frota para ajudar os Atenienses contra Antigonius e os Macedónios, mas pouco fez para salvar os Atenienses. Os seus filhos vieram por Arsinoe, não sua irmã, mas a filha de Lysimachus. A irmã com quem casou havia morrido pouco depois disto, sem deixar descendentes, e por ela existe um distrito no Egipto chamado Arsinoites.
[1.8.1] É pertinente juntar aqui acerca de Attalus, que é também um dos eponymoi de Atenas. Um Macedónio de nome Docimus, general de Antigonus, que teve de se entregar a is mesmo e ao seu domínio a Lysimachus, tinha um eunuco Paphlagonian chamado Philetaerus. Tudo o que Philetaerus fez foi a revolta de Lysimachus e como ele ganhou a Seleucus formará outro episódio que relatarei de Lysimachus. Attalus, filho de Attalus e neto de Philetaerus, recebeu o reino do seu primo Eumenes que lho deixou. O maior dos seus feitos foi forçar os Gaulas a retirar-se do mar para o país que ainda habita.
[1.8.2] Depois das estátuas dos eponymoi vêm as dos deuses: Amphiaraus e Eirene (Paz), levando o jovem Plutus (Riqueza). Também uma figura de bronze de Lycurgus(29), filho de Lycophron e Callias, que, como muitos Atenienses dizem, trouxe a paz entre os Gregos e Artaxerxes, filho de Xerxes(30). Também está Demosthenes que os Atenienses forçaram a exilar-se em Calauria, a ilha de Troezen, e depois de o receberem novamente o baniram outra vez pelo desastre em Lamia.
[1.8.3] Exilado segunda vez(31) Demosthenes foi outra vez para Calauria e suicidou-se tomando veneno, sendo o único exilado que Archias falhou ao trazer de volta a Antipater e aos Macedónios. Este Archias era um Thurian que recebeu a abominável tarefa de trazer a Antipater para punição todos os que se opuseram aos Macedónios antes de os Gregos terem a derrota na Thessalia. Assim foi a recompense de Demosthenes pela sua grande devoção a Atenas. Eu fortemente concord com a ideia de que ninguém que voluntariamente se atire para a política confiando na lealdade da democracia tenha tido uma morte feliz.
[1.8.4] Junto da estátua de Demosthenes está o santuário de Ares, onde colocaram duas umagens de Afrodite, uma de Ares feitas por Alcamenes e uma de Athena feita por um Pario de nome Locrus. Também uma imagem de Enyo feita pelos filhos de Praxiteles. Junto do templo estão imagens de Heracles, Theseus, Apollo atando o cabelo com um felete e estátuas de Calades(32), que se diz ter criado leis(33) para os Atenienses e de Píndaro, a estátua uma recompense dada pelos Atenienses a ele por os louvar numa ode.
[1.8.5] Perto estátuas de Harmodius e Aristogiton que mataram Hipparchus(34). A razão deste ato e método da sua execução foi relatado por outros; das figuras umas foram feitas por Critius(35), e as mais velhas uma obra de Antenor. Quando Xerxes tomou Atenas depois de os Atenienses abandonarem a cidade, ele tomou estas estátuas entre os despojos, mas foram depois devolvidas aos Atenienses por Antiochus.
[1.8.6] Antes da entrada no teatro que chamam de Odeum estão estátuas dos reis Egípcios. Eles são todos chamados Ptolomeu, mas cada um tem o seu apelido: a um chamam Philometor e a outro Pliladelphus, enquanto o filho de Lagus é chamado Soter, um nome que lho deram os de Rhodes. Destes, Philadelphus é o que mencionei antes diante dos eponymoi e junto dele está a estátua da irmã Arsinoe.
[1.9.1] Ao chamado Philometor é o oitavo em descendência de Ptolomeu filho de Lagus e o apelido que lhe deram é uma piada sarcástica, que não conhecemos nenhum rei que tenha sido tão odiado por sua mãe. Embora fosse o mais velho dos seus filhos, ela não lhe permitia o acesso ao trono, insistindo com o pai antes de ser chamado para Chipre. Das razões apontadas à inimizade de Cleopatra ao seu filho era de que Alexandre, o mais novo dos filhos mostrou ser mais subserviente e esta consideração a instar os Egípcios a escolher Alexandre como rei.
[1.9.2] Quando o povo ofereceu oposição, ela destacou Alexandre segunda vez para Chipre, mostrando-se general, e ela desejava pelos seus próprios meios deixar Ptolomeu com medo dela. Ela cobriu de feridas os eunucos que ela viu melhor dispostos e os mostrou ao povo fazendo crer que ela era vítima das maquinações de Ptolomeu e que ele ameaçara os eunucos daquela maneira. As pessoas de Alexandria acorreram para matar Ptolomeu e quando ele escapou de barco, fizeram de Alexandre, que voltara de Chipre, seu rei.
[1.9.3] As retribuições do exílio de Ptolomeu vieram de Cleopatra, que foi mandada matar por Alexandre, que ela mesma fizera rei dos Egípcios. Quando o ato foi descoberto e Alexandre fugiu com medo dos cidadãos, Ptolomeu regressou e pela segunda vez assumiu o control do Egipto. Ele fez guerra contra os Thebanos, que se revoltaram, reduzindo-os dois anos depois da revolta, e os tratou de modo tão cruel que não restou sequer um memorial da sua anterior prosperidade, que teve tal crescimento que passou a riqueza do mais rico dos gregos, do santuário de Delfos e os Orchomenios. Pouco depois este Ptolomeu conheceu o seu destino, e os Atenienses, que foram beneficiados por ele de muitos modos que não necessito deter-me a relatar, fizeram uma estátua em bronze dele e de Berenice, sua única legítima filha.
[1.9.4] Após os Egípcios, vêm as estátuas de Philip e seu filho Alexandre. Os eventos das suas vidas são demasiado importantes para formar uma mera digressão noutra história. Agora os Egípcios receberam suas honrasmlonge de genuine respeito porque foram apenas benfeitores, mas foi antes a bajulação que lhe deu o povo a eles a Philip e Alexandre, já que fizeram uma estátua a Lysimachus sem grande vontade mas para server os seus fins imediatos.
[1.9.5] Este Lysimachus era um Macedónio de nascimento e um dos guarda-costas de Alexandre, que Alexandre uma vez em fúria o meteu numa câmara com um leão e descobriu que ele se sobrepôs à fera. De então o tratou sempre em grande respeito e honrou como o mais nobre dos Macedónios. Após a morte de Alexandre, Lysimachus regeu sobre os Thracios, que eram vizinhos dos Macedónios que estavam sob domínio de Alexandre e antes dele Philip. Compreendia uma pequena parte da Thracia. Se raça pudesse comparer-se a raça, nenhuma nação de homens except os Celtas são tão numerosos como os Thrácios. Mas os Romanos subjugaram toda a Thracia e também reteram tanto território dos Celtas quando merecesse possuir, ignorando as partes que consideravam inúteis por serem demasiado frias ou estéreis.
[1.9.6] Lysimachus fez Guerra contra os vizinhos, primeiro Odrysae, depois Getae e Dromichaetes. Envolvendo-se com homens não guerreiros e em número muito superior aos seus, escapou de uma posição de grande perigo, mas o seu filho Agathocles, que Servia com ele agora pela primeira vez, foi feito prisioneiro pelos Getae. Lysimachus conheceu outros reveses depois e dando grande importância à captura do seu filho, fez aliança com Dromicliaetes, cedendo ao rei Getic partes do seu império além de Ister e principalmente sob compulsão, deu-lhe sua filha em casamento. Outros dizem que não foi Agathocles mas Lysimachus que foi preso, ganhando Liberdade quando Agathocles tratou com o rei Getic em seu nome. Por seu lado, ele casou Agathocles com Lysandra, filha de Ptolomeu filho de Lagus e de Eurydice.
[1.9.7] Ele também cruzou com uma frota a Ásia e ajudou a derrubar o império de Antigonus(36). Fundou também a moderna cidade de Efesus até à costa, trazendo a ela como colonos povos de Lebedos e Colophon, após lhes destruirem as cidades, disso o poeta iambico Phoenix compôs um lament da captura de Colophon. Mermesianax, um escritor elegíaco não era, penso, vivo senão por certo também teria ficado comovido com a tomada de Colophon para escrever uma piada. Lysimachus também fez Guerra com Pyrrhus filho de Aeacides. Esperando que partisse de Epeirus (Pyrrhus tinha uma disposição muito nómada) arrasou Epeirus até chegar aos túmulos reais.
[1.9.8] A próxima parte da história é-me não credível, mas Hieronymus o Cardian(37) conta que ele destuiu os túmulos e desenterrou os ossos dos mortos. Mas Hieronimus tinha uma reputação em geral de ser tendencioso contra todos os reis except Antigonus, e de ser bastante parcial acerca dele. Quanto ao tratamento das tumbas de Epeirot, é bastante claro que a malícia o fez registar que um Macedónio desenterrou os túmulos dos mortos. Além do mais, Lysimachus por certo sabia que eram ancestrais não somente de Pyrrhus mas de Alexandre. De facto Alexandre era de Epeirot e Aeacida por parte da mãe, e a aliança subsequente entre Pyrrhus e Lysimachus provou que mesmo como inimigos, não eram irreconciliáveis. Possivelmente Hieronymus tinha queixas contra Lysimachus, em especial da destruição da sua cidade Cardia e fundou Lysimachea em seu lugar no istmo da Thracia Chersonesus.
[1.10.1] Enquanto Aridaeus reinou, e depois dele Cassander e seus filhos, as relações amigáveis entre Lysimachus e os Macedónios continuaram. Mas quando o reino passou para Demetrius filho de Antigonus, Lysimachus, a partir de então esperando a Guerra ser declarada a ele por Demetrius, decidiu tomar uma ação agressiva. Ele sabia que Demetrius herdara uma tendência para engrandecer, também sabia ele visitou a Macedónia convocado por Alexander e Cassander e na sua chegada mataram Alexandre(38) e governou os Macedónios em seu lugar
[1.10.2] Assim, ao encontrar Demetrius em Amphipolis esteve a ponto de expulsão da Thrácia(39), mas na chegada de Pyrrhus a ajudá-lo extendeu o seu império às custas de Nestians e Macedónios. A maior parte da Macedónia estava sob controlo do próprio Pyrrhus, que Viera de Epeirus com um exército e estava nessa altura em termos amigáveis com Lysimachus. Quando Demetrius cruzou a Ásia e fez a Guerra contra Seleucus, a aliança entre Pyrrhus e Lysimachus manteve-se enquanto Demetrius continuou as hostilidades; quando Demetrius submeteu-se a Seleucus, a relação entre Lysimachus e Pyrrhus terminou, e quando se abriu a guerram Lysimachus lutou contra Antigonus filho de Demetrius e contra o próprio Pyrrho, obteve o melhor na luta, conquistando a Macedónia e forçando Pyrrhus a retirar-se para Epeirus.
[1.10.3] É sabido que o amor traz muitas calamidades aos homens. Lysimachus, embora com esta idade Madura e considerado feliz a respeito dos seus filhos, e embora Agathocles tivesse filhos de Lysandra, e mais se tivesse casado com a irmã de Lysandra, Arsinoe. Esta Arsinoe, temendo pelos seus filhos, que com a morte de Lysimachus eles caíssem nas mãos de Agathocles, diz-se que por esta razão conspirou contra Agathocles. Historiadores relataram como Arsinoe enamorou de Agathocles, e que tendo sucesso eles dizem como conspirou contra a sua vida. eles dizem também que Lysimachus descobriu mais tarde as maquinações da mulher, mas foi na altura que estava impotente, tendo perdido todos os seus amigos.
[1.10.4] Desde que Lysimachus negligenciou o assassinator de Agathocles por Arsinoe, Lysandra fugiu para Seleucus, levando os seus filhos e irmãos, que tiveram refúgio com Ptolomeu e depois seguiram o seu progresso. Eles foram acompanhados na sua fuga para Seleucus por Alexandre que era filho de Lysimachus por uma mulher de Odrysian. Eles atravessaram a Babilónia entrando nos domínios de Seleucus para fazer Guerra contra Lysimachus. E ao mesmo tempo Philetaerus, a quem propriedades de Lysimachus foram confiadas, ofendido pela morte de Agathocles e em suspeita do trato que ele receberia às mãos de Arsinoe, tomou Pergamus no Caicus e enviou um arauto oferecendo o território e ele mesmo a Seleucus.
[1.10.5] Lysimachus sabendo todas estas coisas não esperou para cruzar a Ásia(40) e assumer a iniciativa de encontrar-se com Seleucus, sofrendo uma severa derrota e sendo morto. Alexandre seu filho pela mulher de Odrysian, após interceder muito com Lysandre, ganhou o seu corpo e depois o levou para Chersonesus e o queimou, onde a sua tumba ainda se pode ver entre as cidades de Cardia e Pactye.
[1.11.1] Assim é a história de Lysimachus. Os Atenienses também têm uma estátua de Pyrrhus. Este Pyrrhus não era relacionado com Alexandre, senão por ancestrais. Pyrrhus era filho de Aecides, filho de Arybbas mas Alexandre era filho de Olympias filha de Neoptolemus e o pai de Neoptolemus e Aryblas era Alcetas, filho de Tharypus. E de Tharypus a Pyrrhus filho de Aquiles são quinze gerações. Pyrrhus foi o primeiro que depois da captura de Troia despdenhou regressar à Thessália, mas navegou para Epeirus, vivendo aí por causa do oráculo de Helenus. Por Hermione Pyrrhus não teve filhos, mas de Andromache teve Molossus, Pielus e Pergamus, que era o mais novo. Helenus também teve um filho , Cestrinus, que casou com Andromache após matarem Pyrrhus em Delphi.
[1.11.2] Helenus morrendo passou o reino a Molossus filho de Pyrrhus, de forma que Cestrinus com voluntários de Epeirot tomaram posse da região além do rio Thyamis, enquanto Pergamus cruzaram a Ásia mataram Areius, déspota em Teuthrania, que lutou com ele num único combate pelo seu reino, e deu o seu nome à cidade que ainda tem o seu nome. Para Andromache, que o acompanhou, ainda existe um santuário na cidade. Pielus permaneceu em Epeirus, e para ele como descendente de Pyrrhus, filho de Aecides, e seus pais traçaram seus descendentes e não por Molossus.
[1.11.3] Descendo até Alcetes filho de Tharyous, Epeirus também tinha um rei. Mas os filhos de Alcetes após uma querela concordaram reger com igual autoridade, permanecendo fiéis ao seu pacto; quando Alexandre filho de Neoptolemus, morreu entre os Leucani e Olympias regressou ao Epeirus pelo medo a Antipater, Aecides filho de Arybbas continuous em aliança com Olympias e juntou-se em campanha contra Aridaeus e os Macedónios, embora os de Epeirus recusassem acompanhá-lo.
[1.11.4] Olympias com sua vitória se portou perfidamente em relação à morte de Aridaeus e muito mais com certos Macedónios, e por este motive se considera merecido o tratamento subsequente às mãos de Cassander; por isso Aeacides não era recebido nem mesmo pelos de Epeirus dado o ódio por Olympias; e quando depois o perdoaram, o seu regresso ao Epeirus foi logo contrariado por Cassander. Quando a batalha se deu em Oeneadae, entre Filipe irmão de Cassander e Aeacides, Aeacides foi ferido e pouco depois conheceu o seu destino(41).
[1.11.5] Os Epeirotts aceitaram Alcetes como rei, sendo filho de Arybbas e o irmão mais velho de Aeacides, mas de um incontrolável temperament e foi, por isso, banido por seu pai. Assim que chegou, começou a descarregar a sua fúria sob os Epeirots até eles se levantarem e lhe darem assim como aos filhos a morte durante a noite. Após o matarem, trouxeram de volta Pyrrhus filho de Aeacides. Mal chegou Cassander fez guerra contra ele, enquanto tinha pouca idade e antes de ter consolidado o seu império. Quando os Macedónios o atacaram, Pyrrhus dirigiu-se a Ptolomeu filho de Lagus no Egipto. Ptolomeu deu-lhe como esposa a meia-irmã dos seus filhos, e o restaurou com uma força do Egipto.
[1.11.6] Os primeiros Gregos que Pyrrhus atacou ao tornar-se rei foram os Corcyraeans. Ele reparou que a ilha se estendia pelo seu território e não desejava outros terem uma base que lher permitisse atacá-lo. No meu relato sobre Lysimachus como se saiu, depois de tomar Corcyra, na sua Guerra contra Lysimachus, como ele expulsou Demetrius e regeu a Macedónia até ser por seu turno expulso por Lysimachus, o mais importante dos seus actos até travar Guerra contra os Romanos.
[1.11.7] sendo o primeiro Grego que conhecemos que o fez. Diz-se que nenhuma outra Guerra se fez entre Aeneas e Diomedes com os seus Argivos. Uma das muitas ambições dos Atenienses era tomar toda a Itália, mas o desastre em Syracusa(42) evitaram que eles tentassem conclusões com os Romanos. Alexandre filho de Neoptolemus, da mesma família que Pyrrhus mas mais velho, morreu entre os Leucani antes de conhecer os Romanos em batalha.
[1.12.1] Então Pyrrhus foi o primeiro a cruzar o Mar Iónio da Grécia para atacar os Romanos(43). E fez a travessia a convite dos Tarentinos. Que eles estavam já envolvidos em guerra com os Romanos mas sem contactos eles seguiam sozinhos. Pyrrhus estava já em seu débito, porque eles havia uma frota para o ajudar na sua guerrra em Corcyra, mas os mais convincentes argumentos dos enviados Tarentinos eram as suas contas com Itália, como a sua prosperidade era igual à de toda a Grécia, e o seu pedido era mau de recusar quando vieram como amigos e suplicantes na sua hora de maior necessidade. Quando os enviados insistiram nestas considerações, Pyrrhus lembrou a captura de Tróia, que eles consideravam um presságio no seu sucesso na Guerra, como ele descendia de Aquiles que fizera a Guerra contra os Troianos.
[1.12.2] Agradado com esta proposta, e sendo um homem que nunca perdia tempo quando tomava decisões, imediatamente equipou navios de Guerra e preparou transportes para levar cavalos e guerreiros. Existem livros que escritos por homens não conhecidos como historiadores intitulados "Memórias". Quando li estes fiquei maravilhado tanto com a bravura do pessoal de Pyrrhus em batalha, como a premeditação que mostrava quando um confront estava iminente. Assim, nesta ocasião, também ao cruzar a Itália com uma grande frota ele escapou ao olhar dos Romanos, e algum tempo após a sua chegada se mantiveram ignotos da sua presença; foi apenas quando os Romanos atacaram os Tarentinos que ele apareceu em cena com a sua armada e o seu inesperado ataque naturalmente atirou a seus inimigos a confusão.
[1.12.3] E estando perfeitamente ciente que não era páreo com os Romanos, preparou-se para largar contra eles seus elefantes. O primeiro Europeu a adquirir elefantes foi Alexandre, após esmagar Porus e o poder dos Índios; após a sua morte outros dos reis os tiveram mas Antigonus tinha mais que outro; Pyrrhus capturou as suas bestas em batalha com Demetrius. Quando nesta ocasião eles apareceram à vista dos Romanos foram atacados pelo pânico e não podiam crer que eles eram animais.
[1.12.4] Embora o uso do marfim nas artes e ofícios de todos era obviamente conhecido, as reais bestas, antes de os Macedónios cruzarem a Ásia, ninguém os vira excepto os próprios Indianos, os Lybios, e os seus vizinhos. Isto é provado em Homero, que descreve os sofás e casas de reis  ornamentadas com marfim, mas nunca menciona o animal; mas se tivesse visto ou ouvido sobre ele, na minha opinião, mais provavelmente filaria disso que da batalha entre os Anões e os Troianos(44).
[1.12.5] Pyrrhus foi levado para a Sicília por uma embaixada de Syracusa. Os Cartagineses haviam cruzado e destruíam as cidades Gregas, e sentaram-se para investor contra Syracusa, a única que agora restava. Quando Pyrrhus ouviu isto dos enviados ele abandonou Tarentum e os Italianos na costa e navegou para a Sicília forçando os Cartagineses a levanter o cerco a Syracusa. No seu próprio conceito, os Cartagineses, sendo Fenícios de Tyro por uma descendência ancestral, eram homens muito mais experimentados no mar que outras pessoas não Gregas naqueles tempos, Pyrrhus foi, no entanto, encorajado a encontrá-los numa batalha naval, empregando os do Épiro, a maioria dos quais, mesmo depois da captura de Tróia, não sabia nada do mar, nem mesmo como usar o sal. Verifiquem as palavras de Homero na Odisseia: "Nada sabiam do oceano e não misturavam o sal nas suas carnes (11.122).
[1.13.1] Derrotado neste evento, Pyrrhus regressa com o resto dos seus barcos para Tarentum. Aqui ele depara com um sério reverse, e a sua retirada, que sabia que os Romanos não o deixariam sair sem lhe darem um golpe, ele conseguiu da seguinte maneira. No seu regresso da Sicília e sua derrota, ele enviou de imediato despachos para a Ásia e para Antigonus, pedindo a alguns dos reis tropas, a alguns dinheiro e a Antigonus ambos. Quando os enviados voltaram e os seus despachos foram entregues, ele convocou os que tinham autoridade, fossem dos do Épiro ou Tarentinos, e sem ler nenhum dos despachos declarou que os reforços viriam. Um relatório espalhado rapidamente até mesmo aos Romanos que os Macedónios e tribus asiáticas estavam a navegar em ajuda a Pyrrhus. Os Romanos, ouvindo isto, não fizeram qualquer movimento, mas Pyrrhus ao aproximar-se a noite cruzou as encostas das montanhas chamadas Ceraunian.
[1.13.2] Após a derrota em Itália, Pyrrhus deu às suas forças um descanso e declarou então guerra a Antigonus, sendo a principal queixa o falho em enviar reforços para a Itália. Dominando as tropas nativas de Antigonus e seus mercenários Gálicos, ele perseguiu-os até às cidades costeiras e ele mesmo reduziu a Alta Macedónia e os da Thessalia. A extensão da luta e o caráter decisive da vitória de Pyrrhus são melhor mostrados pela armadura Céltica dedicada no santuário a Athena Itoniana entre Pherae e Larisa, com a seguinte inscrição:
[1.13.3] Pyrrhus o Molossiano segurou estes escudos
arrancados dos bravos Gaulas como oferta à Itoniana
Athena, quando ele destruiu toda a hoste
de Antigonus. Não é grande Maravilha. Os
Aeacidae são agora guerreiros, como o eram antes.

Estes escudos estão aqui, mas os broquéis dos Macedónios dedicou ele ao Zeus Dodoniano. Eles também têm uma inscrição:
Estes uma vez devastaram a Ásia dourada e trouxeram
escravidão aos Gregos. Agora sem donos
jogados estão em pilhas no templo de Zeus,
despojos da Macedónia arrogane.

Pyrrhus por pouco esteve de reduzir inteiramente a Macedónia.
[1.13.4] Mas sendo muito mais pronto a fazer o que primeiro vinha à mão, foi prevenindo por Cleonymus. Este, que persuadiu Pyrrhus para abandoner a sua aventura Macedónia e ir para o Peloponessus, era um Lacedaemonio que liderou um exército hostel pelo terrotório Laceadaemónio por uma razão que relatarei após falar do declínio de Cleonymus. Pausanias, que estava em commando dos Gregos em Plataea(45) era o pai de Pleistoanax, este de Pausanias e este de Cleobrotus, que foi morto em Leucra lutando contra Epaminondas e os Thebanos. Cleobrotus era o pai de Agesipolis e Cleomenes e, Agesipolis morrendo sem filhos, Cleomenes ascendeu ao trono.
[1.13.5] Cleomenes teve dois filhos, o mais velho era Acrotatus e o mais novo Cleonymus. Acrotatus morreu primeiro; e depois Cleomenes morreu, deixando a reivindicação do trono a Areus filho de Acrotatus e Cleonymus tomou medidas para introduzir Pyrrhus a entrar no país. Antes da batalha de Leuctra(46) os Lacedaemonios não sofreram nenhum desastre, por isso eles se recusaram a admitir que seriam péssimos em batalha terrestre. Para Leonidas, dizem, foi a vitória(47), mas os seus seguidores eram insuficientes para a total destruição dos Persas; para as conquistas de Demosthenes e os Athenienses da ilha de Sphacteria(48) não houve vitória, mas somente um truque na guerra.
[1.13.6] Os primeiros reveses tiveram lugar na Boeotia e eles depois sofreram uma severa derrota às mãos de Antipater e dos Macedónios(49). Depois a guerra contra Demetrius(50) veio como um azar inesperado nas suas terras. Invadidos por Pyrrhus e vendo um exército hostil pela quarta vez, se dispuseram a encontrar com os Argivos e os Messenians que vieram como seus aliados. Pyrrhus ganhou o dia, e esteve perto de capturer Sparta sem mais lutas, mas desistiu um tempo depois de devastar a terra e espoliar(51). Os cidadãos prepararam para o cerco, e Sparta mesmo antes disto em Guerra com Demetrius se havia fortificado com profundas trincheiras e fortes estacas e os pontos mais vulneráveis com construções.
[1.13.7] Neste mesmo tempo, enquanto a Guerra Laconiana se arrastava, Antigonus, tendo recuperado as cidades Macedónicas, se apressou para o Peloponessus estando bem atento que Pyrrhus estava a reduzir os Lacedaemonios e grande parte do Peloponessus, ele não voltaria para o Épiro mas para a Macedónia para fazer a guerra ali. Quando Antigonus estava a ponto de liderar o seu exército de Argos para Laconia, Pyrrhus chegou a Argos. Novamente vitorioso ele correu para a cidade com fugitivos e a sua formação não foi artificialmente quebrada.
[1.13.8] Quando as lutas estavam a ter lugar em santuários e casas, e em ruas estreitas entre cadáveres esquartejados, Pyrrhus deixado sozinho foi ferido na cabeça. Foi dito que a sua morte(52) foi causada pelo golpe de um azulejo atirado por uma mulher. Os Argivos, no entanto, declaram que não foi uma mulher que o matou, mas Demeter na aparência de uma mulher. Isto é o que os Argivos declaram sobre o seu fim e Lyceas, o guia do bairro, escreveu um poema que confirma esta história. Eles têm um santuário a Demeter, construído a mando do oráculo, no lugar onde Pyrrhuss morreu e nele Pyrrhus foi enterrado.
[1.13.9] Considero notável que dos que foram denominados Aeacidae, três tenham tido fim por meios semelhantes enviados pelos deuses; que, como Homero diz, Achilles foi morto por Alexandre, filho de Príamo, e Apollo, que os Delphians foram obrigados pela Pythia a matar Pyrrhus, filho de Achilles, e o final do filho de Aeacides foi como contam os Argivos e Lyceas descreveu no seu poema. O relato dado por Hieronymus o Cardiano é diferente, para um homem que se liga à realeza não deixa de ser tido como historiador parcial. Se Philistus era justificado na supressão da maioria dos maltratos de Dionysius, uma vez que esperava o seu regresso a Syracusa, seguramente a Hieronymus se perdoa por escrever agradando a Antigonus.
[1.14.1] Terminamos assim o período de ascendência do Épiro. Quando entrares no Odeum em Atenas verás, entre outros objetos, uma figura de Dionysus que merece ver-la. Perto está uma fonte chamada Enneacrunos (Nove Jactos), embelezada, como vereis, por Peisistratus. Existem cisternas por toda a cidade, mas esta é a única fonte. Acima da fonte existem dois templos: um a Demeter e à filha, enquanto no de Triptolemus está uma estátua sua. Acerca de Triptolemus devo escrever, omitindo da história o que se relaciona com Deiope.
[1.14.2] Os Gregos que mais disputam a reivindicação Ateniense de antiguidade e as ofertas que dizem ter recebido dos deuses são os Argivos, igualmente entre os não Gregos, os Egípcios compete com os Phrygians. Diz-se que quando Demeter veio para Argos ela foi recebida por Pelasgus em sua casa e que Chrysanthis, sabendo do rapto da filha, contou a história a ela. Depois Trochilus, o sacerdote dos mistérios, dizem que fugiu de Argos pela inimizade com Agenor, vindo para a Ática e casando uma mulher de Eleusis de quem teve dois filhos: Eubuleus e Triptolemus. É o que dizem os Argivos. Mas os Atenienses e os que estão com eles … sabendo que Triptolemus, filho de Celeus, foi o primeiro a meter sementes para cultivo.
[1.14.3] Alguns versos existentes de Musaeus, se de facto estão para ser incluídos nas suas obras, dizem que Triptolemus era filho de Oceanus e Terra; enquanto os que atribuem a Orpheus (embora na minha opinião a autoria atribuída é incorreta) dizem que Eubuleus e Triptolemus eram filhos de Dysaules, e que por terem dado a Demeter informação sobre a sua filha, as sementes foram a sua recompense para eles. Mas Choerilus, um Ateniense, que escreveu uma peça chamada Alope, afirma que Cercyon e Triptolemus eram irmãos, que a sua mãe era a filha de Amphictyon, enquanto o pai de Triptolemus era Rarus e o de Cercyon Poseidon. Ao seguir a aprofundar esta história, e a descrever o conteúdo do santuário em Atenas, chamado Eleusinium, fiquei com a visão em sonho. Devo, portanto regressar a escrever as devidas coisas a todos os homens.
[1.14.4] Na frente deste templo, onde está também uma estátua de Triptolemus, um touro de bronze a ser levado coom para sacrifício, e está uma figura de Epimenides de Cnossus sentado(53) que dizem ter entrado numa gruta no país e dormiu. E o sono não o deixou antes do quadragésimo ano, e depois ele escreveu e purificou Atenas e outras cidades. Mas Thales que manteve a peste aos Lacedaemonios não era relacionado com Epimenides, e pertencia a uma cidade diferente. O ultimo era de Cnossus, mas Thales de Gortyn, de acordo a Polymnastus de Colophon, que compuseram um poema sobre ele e os Lacedaemonios.
[1.14.5] Mais além está o templo à Gloria, sendo também uma oferta de agradecimento pela vitória sobre os Persas, que chegaram a Marathon. Esta é a vitória que creio os Atenienses estavam mais orgulhosos; Aeschylus, que ganhou tal renome com a sua poesia, e pela partilha nas batalhas navais antes de Artemisium e de Salamis, registou na perspectiva de morte nada mais, e apenas o seu nome, o seu nome de família, e o nome da sua cidade, e juntou que ele tinha testemunhado o seu grande valor no bosque de Marathon e com os Persas que aí chegaram.
[1.14.6] Acima de Cemareicus e ao portico chamado Pórtico dos Reis está um templo a Hephaestus. Eu não me surpreendo que diante dele se esteja uma estátua de Athena, porque conhecia a história de Erichthonius. Mas quando eu vi que a estátua de Athena tinha olhos azuis eu descobri que a história sobre eles era dos Líbyos. Que os Libyos têm um dito que afirma a Deusa é filha de Poseidon e Lake Tritonis e por essa razão tinha olhos semelhantes a Poseidon.
[1.14.7] Perto está o santuário de Aphrodite Celestial; os primeiros a estebelecer-lhe o culto foram os Assírios, depois dos Assírios os Paphians de Chipre e os Fenícios que viviam em Ascalon na Palestina; os Fenícios ensinaram o seu culto às pessoas de Cythera. Entre os Atenienses o culto foi estabelecido por Aegeus, que pensava que não tinha filhos (ele não tinha, de facto, filhos então) e que as suas irmãs sofreram azares por fúria de Aphrodite Celestial. A estátua ainda existe em mármore de Paros e é trabalho de Pheidias. Um dos grupos de Atenienses, os Athmoneis, que dizem que Porphyrion, um rei anterior a Actaeus, fundou o santuário à Celestial. Mas as tradições entre os grupos muitas vezes diferem muito das da cidade.
[1.15.1] Ao passares o portico que chamam de Pintado, pelas suas pinturas, existe uma estátua de bronze de Hermes no Mercado, e perto um portão. Nele está um troféu erigido pelos Atenienses, que numa ação de cavalaria venceram Pleistarchus, cujo comando ao seu irmão Cassander confiou da cavalaria e mercenários. Este portico tem em primeiro os Atenienses dispostos contra os Lacedaemonios em Oenoe no território Argivo(54). O que está pintado não é a crise na batalha nem quando a ação avançou até às provas de valor, mas o início da luta, quando os combatentes estavam próximos do fim.
[1.15.2] Na parede do meio estão os Atenienses e Theseus lutando contra as Amazonas. Parece que apenas as mulheres não perderam, com as suas derrotas, a sua coragem imprudente em face do perigo; Themiscyra foi tomada por Heracles e depois o exército que destacaram para Atenas foi destruído, mas ainda assim vieram para Tróia lutar contra todos os Grego assim como contra os Atenienses. Após as Amazonas vêm os Gregos quando tomaram Tróia e os reis em Assembleia reunidos por causa do ultraje cometido por Ajax contra Cassandra. A figura inclui o próprio Ajax, Cassandra e outra mulher cativa.
[1.15.3] No final da pintura estão os que lutaram em Marathon; os Boeotios de Plataea e o contingente Ático vieram para combater os estrangeiros. Neste lugar nenhuma das partes esteve melhor, mas no centro da luta mostra-se os estrangeiros em fuga empurrando-se para o pântano, enquanto no final da pintura estão os barcos Phoenicios e os Gregos matando os estrangeiros que se metem com eles. Aqui também está um retrato do herói Marathon, Segundo quem a planície deve o nome, de Theseus representado como vindo do sub-mundo, de Athena e de Heracles. Os de Marathon, Segundo os seus registos, foram os primeiros a tomar Heracles como um deus. Dos lutadores as figuras mais destacadas na pintura são Callimachus, que for a eleito chefe de comando pelos Atenienses, Miltidrates, um dos generais, e um herói local chamado Echetlus, de quem devo fazer referência mais tarde.
[1.15.4] Aqui estão escudos de bronze e alguns têm uma inscrição de que foram tomados dos Scioneans e seus aliados(55) e outros manchados de breu para não serem usados por idade e ferrugem se dizem ser dos Lancedaemonios que foram tomados prisioneiros na ilha de Sphacteria(56).
[1.16.1] Aqui estão estátuas de bronze, uma na frente do portico, de Solon, que compôs as leis dos Atenienses(57) e um pouco depois uma de Seleucus, cuja future prosperidade foi prenunciada por sinais inconfundíveis. Quando avançou da Macedónia com Alexandre e sacrificava em Pella a Zeus, a madeira que estava no altar avançou por vontade propria até à imagem e atiçou fogo sem aplicação de luz.
Com a morte de Alexandre, Seleucus, temendo Antigonus, que chegou à Babilónia, fugiu até Ptolomeu, filho de Lagus e então regressou à Babilónia. No seu regresso ele venceu o exército de Antigonus e matou o próprio Antigonus, depois capturou Demetrius, filho de Antigonus, que avançou com um exército.
[1.16.2] Após estes sucessos, que foram logo seguidos pela queda de Lysimachus, ele confiou ao seu filho Antiochus todo o império da Ásia, e ele mesmo seguiu rapidamente para a Macedónia, levando consigo um exército tanto de Gregos como estrangeiros. Mas Ptolomeu, irmão de Lysandra, refugiando-se de Lysimachus; este homem, de carácter aventureiro deu o nome por este motivo aos trovões, quando o exército de Seleucus avançou até Lysimachea, assassinando Seleucus, permitiu aos reis colher a sua riqueza(58) e reger a Macedónia até ao primeiro dos reis que cinheço se atrever a enfrentar os Gaulas em batalha, ele foi morto pelos estrangeiros(59). O império foi recuperado por Antigonus, filho de Demetrius.
[1.16.3] Estou convencido que Seleucus era o mais recto, e em particular o mais religioso dos reis. Em primeiro, for a Seleucus que devolveu aos Branchidae aos Milesians a estátua de Apollo que fora levada por Xerxes para Ecbatana na Pérsia. Em Segundo, quando fundou Seleucea no rio Tigris e trouxe para ela colonos da Babilónia, poupou a muralha da Babilónia e o santuário de Bel, próximo do qual permitia aos Chaldeans viver.

(1) Cerca de 267 a 263 A.C.
(2) 493 A.C.
(3) 323 A.C.
(4) Auge cerca de 350 A.C.
(5) 394 A.C.
(6) Cerca de 267 a 263 A.C.
(7) 404 a 403 A.C.
(8) Antígono de sobrenome Gonatas tornou-se rei da Macedónia em 283 A.C.
(9) Evagoras foi rei de Salamis em Chipre que regeu desde cerca de 410 a 374 A.C. Favoreceu os Atenienses e ajudou Conon a derritar a frota Espartana em Cnidus em 394 A.C.
(10) De 560 a 527 A.C.
(11) A 362 A.C.
(12) Em 430 A.C.
(13) De 490 a 432 A.C.
(14) As datas destes artistas são desconhecidas.
(15) Um contemporâneo de Alexandre o Grande.
(16) Um pintor desconhecido.
(17) Em 279 A.C.
(18) Antipater e Cassander foram sucessores de Alexandre o Grande.
(19) Em 480 A.C.
(20) Uma lenda inventada para explicar o nome Ancyra (âncora).
(21) Ver v.66 e 69. A reforma foi feita em 508 A.C.
(22) Significa "Aqueles a partir de quem outros são chamados".
(23) Este rei de Pergamus visitou Atenas em 200 A.C. em companhia dos embaixadores Romanos e foi tratado com todas as marcas de respeito pelos Atenienses.
(24) Não é certo qual dos vários reis do Egípto com aquele nome que Pausanias se refere.
(25) De 117 a 138 D.C.
(26) Em 132 D.C.
(27) O relato que se segue trata o período conturbado que se seguiu à morte de Alexandre o Grande em 323 A.C. Os generais Antigonus, Ptolomeus, Seleucus, Lysimachus e Cassander brigaram pela divisão do império.
(28) Em 323 A.C.
(29) Um orador de Atenas que fez grande serviço a Atenas quando Demosthenes tentava agitar o seu povo contra Philip da Macedónia.
(30) Cerca de 448 A.C.
(31) 323 A.C.
(32) Nada mais é sabido desta pessoa.
(33) Ou "tunes".
(34) Em 514 A.C.
(35) O seu auge a cerca de 445 A.C.
(36) Em 302 A.C.
(37) O seu auge em 320 a 300 A.C.
(38) Em 294 A.C.
(39) Em 288 A.C.
(40) Em 281 A.C.
(41) Em 313 A.C.
(42) Em 413 A.C.
(43) Em 280 A.C.
(44) Ver Homero, Ilíada 3.3 e seguintes.
(45) Em 479 A.C.
(46) Em 371 A.C.
(47) Em 480 A.C.
(48) Em 425 A.C.
(49) Em 330 A.C.
(50) Em 295 A.C.
(51) Em 272 A.C.
(52) Em 272 A.C.
(53) Auge em cerca de 600 A.C.
(54) Data desconhecida.
(55) Em 421 A.C.
(56) Em 425 A.C.
(57) Em 594 A.C.
(58) Em 281 A.C.
(59) Em 280 A.C.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Ás de Bastões

Começamos agora a desbravar o caminho dos  Arcanos Menores. Várias poderiam ser as orientações para a apresentação destas cartas. eu vou seguir a definição das cartas apresentando cada número e os respectivos naipes. Depois as figuras de corte.
Uma mão aparece de umas nuvens levando uma vara com três ramos com folhas. algumas folhas estão soltas no ar.
Por baixo uma paisagem árida com um rio e três árvores. Ao fundo várias montanhas, no cimo de uma delas está um castelo de cor branca.

A carta simboliza o começo de novos projetos. O vigor com que eles surgem ainda que pouco domados. É a força da novidade.
Como acontece com todos os Ases, este é um começar a partir do zero. É uma carta de coragem porque a coragem é levada pelo elemento de Fogo que rege o naipe de Paus ou Bastões.
A carta contitui uma oportunidade para auto-descoberta, para dar um novo rumo à vida indicado pelo rio que segue o seu caminho. Uma oportunidade para se adquirir uma nova identidade porque nada ainda está escrito. Tudo é um deserto pronto a ser povoado.
A carta é uma primeira manifestação da energia divina num estádio tão primitivo que não é ainda dominado pela vontade.

Corpse Tarot.
Em termos energéticos ou de saúde pode indicar uma nova vinda de energia. Energia essa que não é facilmente controlada pois ainda é o elemento Fogo no seu estado mais bruto.
Como projeto novo a ser tomado nas mãos, a carta indica a ideia desse mesmo projeto. A primeira conceção dele, ou a idealização de uma obra artística. A montanha castelada indica que ainda muito terá de ser calcorreado para se chegar ao final mas a reconpensa vale a pena.
O próprio castelo seguro em cima de uma montanha indica que a carta é sinal de um poder protetivo grande a entrar. Indica uma proteção divina que é dada pela mão vinda das nuvens.
No caso de questões de trabalho a carta indica uma superação  de obstáculos. Uma oportunidade de carreira que é preciso agarrar.
Em termos de dinheiros informa que pode haver alguma entrada de bens por questões de herança ou por alguma oferta.
No campo da saúde, esta é a melhor altura de começar uma nova dieta, ou de começar uma nova forma de viver mais saudável, porque há energia positiva no ar que pode facilitar as transformações.
Em termos emotivos a carta indica que uma pessoa pode cruzar-se no caminho para um princípio de relação. No caso de se ter uma relação avisa que é preciso a pessoa se expressar.
Quando a carta está virada indica impaciência. Indica que a pessoa não consegue agarrar as oportunidades que lhe são colocadas à frente, ou que está a perder toda a coragem para continuar em frente.

sábado, 18 de janeiro de 2014

XXI - O Mundo

Dentro de uma grinalda em forma de amêndoa (ou mandorla) está uma personagem despida. Só um pequeno véu lhe cai do ombro esquerdo de cor vermelha. Na mão desse mesmo lado segura uma baqueta dupla. Na outra mão leva um objecto que parece conter um segredo no interior. Esta é a carta da concretização.
A personagem não indica qual o sexo que tem, é-nos ocultado, mas tem seios e tem uma cara masculina. Possivelmente será o ser andrógino na sua representação mais sublime.
Existe uma sugestão de a personagem estar em pose de dança. A dança de celebração da vida.
A grinalda é feita por folhas simples cuja cor varia. Na edição que está à direita todas as folhas são azuis, simbolo da eternidade alcançada. Nas extremidades da mandorla estão duas cordas cruzadas em X de cor amarela.
Em redor da carta aparecem quatro animais. Estes são a representação tradicional dos quatro evangelistas: o anjo, a águia, o leão e o touro.
A águia está a olhar para a esquerda e tem na cabeça uma auréola que passa o campo da carta. À sua esquerda está o anjo também aoreolado e que olha para baixo. Estes dois estão sobre nuvens de cor amarela.
Em baixo estão os outros dois animais. O leão é de cor amarela e olha de frente. O touro, que se assemelha mais a um cavalo é o único que não tem uma auréola ou que a mesma não está visível. A cor do corpo é cor de pele. O dorso destes dois animais é vermelho e tem em cima folhas de cor verde ou de cor semelhante à grinalda.

O Mundo. Lowbrow Tarot.
Em termos mentais a carta indica a conctetização de projetos. A recompensa de todos os esforços. A conclusão. A carta indica que a pessoa encontrou o seu ligar no mundo e está pronta para usufruir dele. A carta indica também que a pessoa tem de ter uma grande capacidade de decisão que pode ser importante a concretização desse mesmo projeto ou função. A carta indica todas as circunstâncias favoráveis para se avançar. A carta também indica grandes capacidades psíquicas e de mente e uma tendência para a perfeição.
A nível emocional existe uma elevação de sentimentos bem grande. Um grande espírito altruísta e de entrega aos outros sem sensualidade nem egoísmo. Conquista os outros por si mesmo sem necessidade de mais outros elementos. Existe um grande sentido de dever para com a humanidade. Existe uma inspiração bem grande para expansão de sentimentos ou de qualidades artísticas.
Na área física existe um reconhecimento de riqueza. Existe uma experiência sólida e madura que leva a um reconhecimento pelos outros das capacidades que a pessoa tem. A possibilidade de recolher o resultado de poupanças é agora vantajoso. Caso se pretenda fazer um  investimento o momento é seguro para as começar, mas não devendo levar em conta o que é sugerido mas a sua própria capacidade de decisão e de busca de informações sobre essas aplicações. Pela saúde existe um grande alívio de sintomas que pudessem ser desagradáveis.
Em caso de carta invertida um fracasso. Um obstáculo emotivo à realização de um projeto ou ação. A  carta pode também indicar um obstáculo enorme, ou um sacrifício por amor que o leva a um grande sentimento de perda. Indica um ambiente hostil, onde os outros estão contra a sua forma de agir, ou mesmo contra a sua pessoa. Pode também indicar uma incapacidade para a dispersão ou um revés na sorte ou saúde.

O Universo. Tarot de Thoth
Crowley chama a esta carta O Universo em vez de O Mundo e que sendo colocada no final da viagem dos Arcanos Maiores, é o complemento de O Louco. A letra Tau é a correspondente que junto de O Louco forma a palavra Essência. Enquanto que a primeira era o início, o nada; esta é o fim, o tudo. A letra Tau significa cruz, ou seja, a extensão.
A letra Tau está associada ao planeta Saturno que é o mais lento dos planetas. Em função desta imobilidade, associa-se o elemento Terra a esta carta.
Tal como a carta de O Louco é representada por um elemento masculino, esta é representado por um elemento feminino numa pose de êxtase, numa dança. A filha é colocada no trono da Mãe.
Nas suas mãos ela domina a irradiante força espiral, a activa e passiva, um sucedâneo da Grande Obra cumprida que é celebrada.
Nos quatro cantos estão os 4 Kerubim mostrando o estabelecimento do Universo.
Em redor da figura está uma elipse com 74 círculos para os quinários zodíacais.
Na parte de baixo da carta está representado o plano estrutural da casa da matéria mostrando os então 92 elementos químicos conhecidos em posição hierárquica.
No centro ao fundo uma roda de luz inicia a forma da Árvore da Vida.
A cor geral da carta indica a confusão e escuridão do mundo material.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

XX - O Julgamento

Um anjo aparece na parte superior da carta a tocar uma trombeta. Está rodeado por nuvens. As nuvens são de cor azul. Delas saem vinte raios de cor amarela e vermelha.
Do que se vê do anjo, ele veste um corpete branco, uma veste de cor azul. A trombeta que ele segura é amarela e tem uma bandeira a meio que é uma cruz.
Dos raios saem 12 chamas de várias cores que se espalham por toda a terra. É o símbolo da redenção estendido a todos.
A paisagem ao fundo é de cores variadas, aparecendo também prados verdes. É a renovação da vida. A terra não é nunca amarela, mesmo estando em repouso, ela tem vida e produz vida. Não está parada.
O Anjo toca para três personagens que aparecem na parte inferior da carta. Os três estão despidos e parecem estar em postura de oração.
A personagem que se encontra ao centro está de costas parecendo sair de um túmulo. A cor da sua pele é azul, tal como a cor das nuvens. É a sublimação do corpo para a eternidade. O estabelecimento das coisas que ficam eternas. O seu cabelo está em forma de tonsura, símbolo de um compromisso com a divindade.
Da parte de fora do túmulo estão os outros dois personagens: um homem e uma mulher virados a três quartos para nós. Um deles olha o Anjo, o símbolo da divindade; ela olha o ser renascido. Eles são o princípio masculino e feminino, as duas facetas do ser humano que se unem para produzir o filho, o ser renascido.

O Julgamento. Gilded Tarot.
Em termos mentais esta é das cartas mais poderosas. Indica uma pessoa com tendência de superioridade ou que busca a superioridade. Indica uma revisão da consciência. A avaliação dos rumos da existência, o que verdadeiramente se pode tirar da viagem longa que começou com O Louco e está mesmo a terminar. Indica uma força em termos de ocultismo e de adivinhação. Indica que a pessoa em causa despertou para o seu verdadeiro sentido. O Julgamento indica que a pessoa presta contas do que aprendeu e assuntos do passado são actualizados para que ele possa seguir.
No campo emotivo a carta indica que a pessoa largou os sentimentos e apenas é movida pela devoção que tem aos seus princípios superiores. O exame de consciência é outro dos pontos que a pessoa em causa pode ter de realizar para poder saber em que linhas seguir o caminho. Este exame pode indicar uma maior fragilidade, mas que é apenas um teste para a concretização.
Pelo campo físico a pessoa tem todas as suas situações encaminhadas, não precisando de se preocupar no momento com elas porque a seu tempo darão frutos. Em termos de novos investimentos pode ser um ponto para pensar onde usar o dinheiro que se tem, mas não será o melhor momento para o aplicar. O importante é julgar as possibilidades na mão para se poder ter terreno seguro para situações futuras. Pela saúde não há que ter preocupações pois existe uma enchente de energia a fluir que pode ser captada para limpar as más energias do corpo. É também uma carta que sugere um reforço da limpeza do organismo em termos de toxinas.
Caso a carta esteja virada, o desafio é bem grande. As opções que se tomam podem estar sujeitas a um juízo errado e que como consequência ter-se-ão trabalhos maiores de futuro. Indica que a pessoa fez um juízo errado de si mesma e sofre as consequências de tal. Isto pode ser uma depressão no caso de a pessoa se depreciar, ou um ruir da fortaleza que se achava. A carta pode também indicar que a nível espiritual a pessoa pode passar por um momento de dúvida, pode indicar que a pessoa se veja demasiado envolvida pela sua inteligência a ponto de não dar azo ao intuitivo e, por esse motivo, se sobrestimar.

O Aeon. Tarot de Crowley.
Crowley afasta-se da carta tradicional e designa esta carta por Aeon. A carta representa a chegada do Novo Aeon.
Ao fundo da carta aparece Nuit que representa as possibilidades infinitas. O seu companheiro é Hadit como omnipresente e que é a única representação possível de realidade em termos filosóficos. Ele é representado por um globo de fogo como sendo a energia eterna. É alado como forma de demonstração de poder. Do casamento vem Hórus que aparece no centro do círculo de Nuit. Ele tem também um globo de energia eterna.
Na parte inferior da carta vê-se a letra Shin que representa esta carta. A letra lembra uma concheia tripla na qual estão três fetos. Estes três humanos participam do aparecimento do Novo Aeon e nascem para uma nova vida.
Por trás da letra aparece um símbolo do Signo Balança, que indica que o aparecimento deste Novo Aeon vem no seguimento do anterior e não como geração espontânea.
Toda a carta está envolvida com a ideia de útero, de nascimento, de nova vida. A própria imagem de Nuit lembra o endotélio de um útero e os três Yods onde estão os fetos lembram as placentas e os cordões umbilicais que as ligam à realidade divina mas que ainda estão num estádio primitivo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

XIX - O Sol

Um disco solar humanizado aparece no cimo da carta. O rosto é visto de frente com uma expressão serena. À sua volta 75 raios. Destes, 16 são maiores em cor azul, amarela e vermelha. Metade deles são ondulados e a outra metade triangulares. Os restantes raios são simples raios negros.
Abaixo do sol 13 gotas que parecem provir do astro. As cores variam consoante as edições. Do Sol emana a vida, a luz verdadeira. Os fotões de luz que desencadeiam as reações químicas. A inspiração.
No plano de baixo existem dois meninos de pé diante de um muro de tijolos de três cores. Os meninos vestem apenas um pano de cor verde ou azul. Eles parecem gémeos. O da direita apoia a mão direita na nuca do outro. O da esquerda apoia a mão esquerda no plexo solar do outro.
O chão aparece árido. Apenas com duas pedras semelhantes às que apareciam em A Torre.
A carta indica o  que se vê com clareza. A razão que atinge o seu ponto alto e entra ao serviço do ser. O sentimento que convive com a razão e ambos estão conciliados e caminham lado a lado.
Eles representam também a constelação de Gémeos, aquela que no Hemisfério Norte termina com o solestício do Verão, o ponto que começa o Verão e que indica o apogeu deste mesmo astro. A carta indica uma iluminação. Uma iluminação que está a poucos passos de gerar o seu fruto.
A carta presente é o resultado de se terem abandonado os medos últimos e de se seguir com determinação. Mas o caminho ainda não terminou e o Sol mesmo trazendo algum conforto, que não ofusque. É preciso trilhar o que ainda não foi trilhado.

O Sol. Tarot de Rider Waite.
A nível mental a carta indica capacidades artísticas. Indica clarividência e espírito bastante lúcido para poder lançar-se nos seus projetos. Os projetos com base num sentido elevado deve ser lançados à prática. A carta indica também uma popularidade harmoniosa que é fundamental para as atividades a desempenhar.
A nível emocional tem-se o grande nascimento dos verdadeiros sentimentos. Um completo nascimento de todas as suas potencialidades. Um espírito cavalheiresco, altruísmo. O sentimento é virado para os outros mais que para o seu.
Em termos físicos, esta é uma carta de triunfo. Uma carta de domínio das energias e, portanto, de colher os seus frutos. É o sentido de se ter estado a fazer todas as restrições quando era necessário e se lançar agora em possibilidades maiores que antes se imaginava. A nível de saúde indica uma boa saúde em termos gerais e grande equilíbrio de energias.
Quando a carta se encontra virada, é das que maior energia têm de negativo. Toda a luz é convertida em escuridão e em vez de se caminhar em terreno sólido, caminha-se às escuras no meio do nada. Apenas se atira o barro à parede que não se vê. A carta pode indicar a situação negativa completamente oposta: ofuscamento, deslumbramento, vaidade. Todas as características de se estar a olhar muito tempo para o sol. Em termos artísticos a carta pode indicar um artista que não é compreendido, ou que mascara completamente tudo o que faz. Também indica todos os artifícios que uma pessoa faz para ocultar a sua miséria: encher-se de adereços que parecem requintados.

O Sol. Tarot de Crowley.
Crowley diz que esta carta representa o sol como uma divisa de rosa no cimo de um monte verde. Representa o Senhor do Novo Aeon na sua manifestação mais simples como sol espiritual, moral e físico. A rosa indica o florescimento da influência solar.
O astro percorre todas as constelações do Zodíaco num ano, as mesmas constelações estão à volta da carta. Este círculo de constelações é também a representação de Nuit, a Grande Senhora do Espaço Infinito.
O monte verde representa a terra fértil com o potencial de ascender aos céus. No topo do monte existe uma muralha que indica que para a vinda do novo Aeon é necessário o controlo total.
As crianças gémeas que aparecem representam o masculino e o feminino, eternamente jovens, despudorados e inocentes. Eles dançam na luz e habitam na terra. Representam o estado emancipado a ser atingido pela humanidade. A restrição de ideias como pecado e morte foi abolida. Aos seus pés estão os mais sagrados símbolos do velho Aeon: a combinação da rosa e cruz da qual eles brotam. A carta representa a ampliação da ideia da rosacruz.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

XVIII - A Lua

Uma lua aparece no cimo da carta com um halo de raios vermelhos e amarelos. A lua tanto aparece cheia ou em quarto crescente. Aparece um rosto humano desenhado na lua.
Existem 19 gotas dispostas em duas fiadas. As cores das gotas variam consoante a edição das cartas. As gotas parecem ser atraídas para a lua e não estão a cair como a chuva. Na carta que se segue, o Sol, aparecem gotas na direcção inversa. Existe um magnetismo para a pessoa. A capacidade intuitiva a dar os  seus frutos.
Abaixo da lua dois animais estão a lamber as gotas que se dirigem para o astro. Os animais são identificados como um lobo e um cão. Duas versões de um mesmo animal: a selvagem e a doméstica. Ambas associadas a um sexto sentido e à proteção. A proteção dos mais próximos e a proteção das forças da natureza. Os dois animais são também vistos como os guardiões das portas do céu e do inferno. Esta carta está muito associada à magia pratica, mais que religiosa.
Duas torres parecem delimitar o espaço onde toda a cena decorre, as torres afastam todas as pessoas estranhas ao meio. Apenas os iniciados podem usar o poder do novo renascimento.
Na paisagem vê-se um terreno verde e uma parte ainda por cultivar, a gerar os seus frutos. Nas diferentes edições da carta aparecem em número variável. Algumas gotas aparecem também no chão. A influência da Natureza na personalidade volúvel da pessoa.
Na parte frontal da carta uma piscina que no seu interior tem um lagostim ou um caranguejo. As aparências e ilusões que eram percebidas em A Sacerdotiza são agora descobertas. O caraqnguejo sempre foi associado aos rituais da lua pelo seu movimento retrógrado, tal como é observado tradicionalmente.
Nalgumas edições de tarot, a carta não aparece com uma piscina, mas com um curso de água. O símbolo do parto que se está a dar. A gravidez. O estar-se envolvido em água, pela água toda a vida começa.

A Lua. Tarot de Visconti.
No plano mental, devem ver-se todos os projectos de modo superficial e com uma grande cautela para não ocorrerem erros de análise ou de ser proposto o projeto baseado em fantasias e sonhos do que possa acontecer. Em termos de trabalho a carta avisa das possibilidades de erro que se tem. Mesmo com toda a experiência adquirida, ainda não se deixou de ser humano e de poder cometer erros. O Louco não terminou ainda a sua viagem. A grande capacidade sensitiva faz da pessoa regida pela carta sensível ao efeito das outras pessoas, por isso é normal que ver a verdade seja complicado. Para a cabeça da pessoa as pessoas falam verdade ou estão sempre a mentir. De todo o modo não admite o seu próprio erro.
A nível emocional existe uma confusão. O facto de se mergulhar completamente na ilusão faz que não se consiga sair de um sentimento passional quase cego. Existe também a vontade de se querer uma relação amorosa que não passa apenas de um desejo quimérico. Nada terá de profundo. Depois de toda a viagem, nesta carta existe o cansaço de se ver profundamente. Falta aprender a ver as coisas com a supeerficialidade necessária. Mas que apenas é aprendida em O Sol. A aprendizagem aqui é feita pela dor. É preciso ver o que ela ensina e isso não é fácil.
Em termos terrenos, a dizer que existem segredos e coisas ocultas da pessoa em causa e que não domina. Se a pessoa em causa está envolvida em esquemas ou possibilidade de escândalo, essa possibilidade pode passar ao domínio público. Em termos de saúde a carta pode dizer que a pessoa esteja a ter um grande desgaste nervoso e que deve procurar um ambiente mais seco e luminoso para a recuperação.
Caso a carta esteja invertida, o instinto da pessoa em vez de a conduzir a uma boa intuição, torna-se um pântano que não resolve a cabeça da pessoa. Existem possibilidades de a pessoa ser confrontada com visões que lhe distorcem a ideia da realidade, ou de sonhos que são perturbadores. A pessoa em causa pode ser vítima de uma chantagem.

A Lua. Tarot de Thoth.
Para Crowley a carta está associada à letra Qoph que representa Peixes no Zodíaco, é o último estádio do Inverno. Poderia ser chamado de Portal da Ressurreição. A carta representa também a meia-noite.
Na parte inferior da carta aparece um escaravelho, o Kephra egípcio trazendo nas mandíbulas o astro solar que está para germinar depois do inverno ou das trevas da noite.
Acima da água existe uma paisagem assustadora. Vê-se um caminho entre dois montes com manchas de sangue em forma de yod caídas da lua que aparece em cima de toda a paisagem.
A lua ocupa o vínculo entre o humano e o divino, como é também dito no Arcano II. Esta é a lua minguante, a lua em que são feitos os rituais de magia para os feitos abomináveis. "Ela é a escuridão envenenada que é a condição do renascimento da luz."
Acima das colinas estão duas torres negras. São as torres do mistério inominado, do horror e do medo. Tudo se liga para obscurecer o olhar humano e o fazer temer continuar o seu caminho. É necessário uma coragem tamanha para continuar. Aqui reside a viagem enganosa em que o fogo perde a sua capacidade de iluminar. A lua não tem ar, por isso o viajante perde os dois sentidos maiores: a visão e a audição. Ele tem de se guiar pelo tato, pelo olfato e pelo paladar.
Deve-se procurar a ajuda do deus Anúbis, o deus-chacal de Khem, o vigilante do crepúsculo. Ele aparece dobrado em duas figuras diante do portal. Aos seus pés estão as feras uivantes que devoram aqueles que ignoraram a sua figura ou que ignoraram o seu nome.
A carta representa a noite escura da alma que é muitas vezes referida por vários ocultistas onde se termina a dizer: "Quão esplêndida é a aventura!"

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

XVII - A Estrela

Entramos na última parte da viagem do Tarot. A série de cartas que temos agora são as correspondentes ao renascimento.
Uma mulher com o joelho esquerdo apoiado no chão e o direito erguido. Ela está despida e tem na mão dois vasos que são vertidos para um curso de água que tem diante de si. Estas são os mesmos vasos que existiam em A Temperança onde a energia fluia de um para o outro. Onde a personagem sabia usar a energia em seu proveito. Agora, os vasos são vertidos para o curso de água. A energia flui de nós para o universo, para os outros e não usando a energia dos outros.
Ela largou todas as amarras que tinha com o mundo e expande-se para ele, em vez de se expandir segundo ele. A Torre libertou-a, A Estrela expande. Por este motivo ela aparece despida e de cabelo solto.
O joelho flectido está apoiado no solo amarelo e produtor de frutos. Aparecem no horizonte duas árvores bem desenvolvidas. Aparece também uma erva com três folhas: a terra pode produzir ainda mais, a ambição leva a personagem a buscar mais. O fim do ciclo de Tarot está perto mas pode voltar a começar.
Por cima do arbusto da esquerda tem um pássaro no seu topo que está em pose de levantar voo. É um pássaro de cor negra. Um corvo que é enviado e começa a fazer a sua vida depois de ser liberto da nau de Noé. Ele não volta atrás, segue a sua vida.
No céu estão duas estrelas de sete pontas e cinco estrelas de oito pontas. Estas estão a rodear uma outra de 16 pontas amarelas e vermelhas que está no meio. A expansão pessoal permite cada um tornar-se essa estrela maior, esse exemplo para as outras estrelas o seguirem.

A Estrela. Tarot de Leigh L. McCloskey
No campo mental a carta indica um princípio de maturidade plena. Existe uma harmonia e confiança no destino que foi traçado. a carta é sinal de uma forte inspiração que terá de ser aproveitada, mesmo que surja de forma transbordante e não se consiga reter toda a energia que dela flui. A Estrela expande-se e permite ajudar várias pessoas seja com o exemplo, seja dando um pouco de consolo e energia aos outros. Existe um sentimento de plenitude e de confiança na intuição que lhe permite fazer vários trabalhos magicos de elevada categoria.
No campo emocional existe um espírito de solidariedade genuína, um espírito equilibrado e de entrega aos outros que não se trata de uma entrega cega como anteriormente, mas uma entrega que muitas vezes não é direta mas dá uma ajuda verdadeira para as outras pessoas poderem chegar ao estado de plenitude que o acompanha. A própria entrega emocional a uma pessoa amada não é mais uma entrega de paixão, mas de amor verdadeiro já que o ego foi doomado em O Diabo e se destruiram todas as barreiras sociais.
Em termos do físico ocorre uma concretização de projectos não de forma súbita, mas harmónica tal como foi projectado. Caso haja necessidade de captar pessoas que financiem algum projecto, a carta reforça todas as qualidades sedutoras, assim como em termos  de projectos artísticos exibe todo o esplendor. Na saúde existe um equilíbio fácil e não há preocupações de maior a ter em conta.
Quando a carta se encontra virada indica que pode existir um equilíbrio na sua vida, mas o mesmo é momentâneo ou mesmo apenas aparente. Pode existir um retraimento ou mesmo vergonha em exibir as qualidades que adquiriu com a sua expeeriência. Uma falta de espontaneidade, uma vida artificial e que não espelha aquilo que verdadeiramente é, mas o que quer que vejam em si. Pode ser um aviso de doenças várias a manifestar-se. Em termos de relacionamentos podem ser vistos exageros amorosos.

A Estrela. Tarot de Thoth.
Para Crowley esta carta é associada à letra Hé. A carta é rergida pelo signo Aquário.
Na figura aparece a deusa Nuit que é a Senhora das Estrelas. Aparece com duas taças. Uma das taças é erguida acima da cabeça, feita de ouro da qual verte água. Água que é leite, que é azeite, que é sangue. Ela verte o líquido sobre a cabeça indicando uma eterna renovação das ideias, uma nova possibilidade das coisas.
A mão esquerda tem uma taça de prata que verte o líquido imortal da sua vida. O líquido é o sangue do Graal, a ambrósia dos deuses, a medicina universal dos alquimistas,... Ela é a própria mãe deste líquido. O líquido é derramado na junção da terra com a água.
Atrás da figura está um planeta, o planeta que é Vénus que tem a estrela de sete pontas símbolo do amor como elemento essencial para todas as leis universais.
O oceâno da carta é o mar de Binah. O grande mar que está sobre a terra fértil que é representado pelas rosas do lado direito da carta. O Mar da Grande Mãe que tudo gera.
E entre o mar e a terra é derramado o líquido, mas entre o mar e a terra existe o abismo.
Acima de tudo isto brilha a grande estrela dourada que é outra materialização de Nuit. Desta estrela saem raios espiralados indicadores de que a energia desta estrela se tornou espiritual.